Sem nunca ir à redação, com uma “postura passiva”, e contactando as equipas com quem trabalhava apenas via e-mail. Esta era maneira como Carlos Vaz Marques trabalhava na TSF, segundo um comunicado enviado às redações esta sexta-feira, em resposta às declarações do jornalista nas redes sociais nas quais este acusava o meio de comunicação de social de “bullying profissional” e de o colocar numa “situação atentatória” da sua dignidade pessoal.

O conselho de redação da TSF rejeita todas as críticas de Carlos Vaz Marques e afirma que nenhum jornalista viu ou notou qualquer evidência de “bullying profissional” para com o colega. “A utilização daquelas expressões só pode ser entendida a luz do facto de estar em curso um litígio com a Global Media [empresa que detém a TSF]”, dizem, acrescentando que o jornalista não demonstrou “a menor intenção de separar as águas”, acabando por envolver outros profissionais nas acusações.

Sobre o facto de Carlos Vaz Marques ter sido colocado numa equipa de turno e de a sua atividade não ter contribuído para a antena da rádio por apenas fazer umas “curtas declarações telefónicas”, os representantes da redação da TSF referem que o principal produto da rádio são os noticiários e que, para os compor, isso pode implicar “contactos simples e chamadas telefónicas rápidas relacionadas com notícias do dia a dia”, algo que, aliás, é “desempenhado pela generalidade dos jornalistas da TSF, inclusive jornalistas com décadas de casa”.

No que diz respeito à comunicação com os restantes elementos da redação, Carlos Vaz Marques deixou “há anos” de frequentar as instalações da rádio. Praticamente todas as comunicações do jornalista eram feitas “por e-mail”, uma situação que causou “estranheza” a várias colegas, “habituados a ter o diálogo constante como uma das marcas do trabalho na redação da TSF”.

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Além disso, o conselho de redação indica que “na reunião inicial do turno”, via videochamada, Carlos Vaz Marques “raramente” fazia qualquer crítica positiva ou negativa sobre o trabalho que lhe era atribuído. Assumia, por isso, “uma postura passiva de fazer aquilo que lhe era pedido, notando-se algum desconforto”.

Os representantes da redação explicam ainda que, com o fim da rubrica “O Livro Do Dia”, em 2019, Carlos Vaz Marques ficou “somente com a função de apresentar e moderar o ‘Governo Sombra’”. Após ser contactado pelo novo diretor, no final de 2020, ficou decidido que o programa semanal ocupava 40% do tempo de trabalho do jornalista, pelo que o restante tempo, a partir de 1 de março, teria de estar dedicado a uma “equipa de noticiários, nomeadamente aquela que está ao serviço das 9 às 16 horas, de segunda a quarta-feira”.

Perante tudo isto, o conselho de redação da rádio sentiu “indignação” perante as acusações públicas de Carlos Vaz Marques, uma vez que este “colocou publicamente em causa a dignidade e competência profissional dos seus pares e em alguns casos até o seu carácter”, fazendo parte de um “ataque totalmente injustificado”.

“Governo Sombra” vai passar a chamar-se “Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer”

Após o texto publicado nas redes sociais de Carlos Vaz Marques, este anunciou ainda que o programa “Governo Sombra”, que foi emitido na antena da TSF durante 13 anos, regressará apenas à SIC Notícias e em formato podcast para o Expresso. A primeira emissão da nova temporada será esta sexta-feira, no entanto, com outro nome: “Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer”, devido ao registo da marca que a TSF Rádio Notícias detém sobre o nome do programa.