Um jogo de estreia, este sábado na Hungria, com um cartaz que não tinha Cristiano Ronaldo podia à partida parecer pouco interessante… e foi durante algum tempo. Um Qatar-Portugal, que nunca tinha acontecido e realizava-se poucos dias depois de CR7 ter dado a volta à Irlanda, no Algarve. Um jogo que teve Otávio de início e em que Fernando Santos trocou todos os jogadores do onze inicial.

O Qatar apresentou-se em 5x3x2 e o losango português, composto por Rúben Neves, João Mário, o capitão João Moutinho e Otávio, não conseguia encontrar o chamado (e tão famoso) “espaço entre linhas”. Aliás, até foram os qataris a criar perigo em primeiro lugar, com saídas astutas nas costas da defesa portuguesa. Almoez acertou no poste e depois Hatim obrigou Anthony Lopes a uma defesa atenta.

O adversário dos portugueses, campeão da Ásia e recente semifinalista da Gold Cup, mostrava-se complicado de desfeitear e os portugueses estavam meio confusos com o jogo, mas assim que João Mário, em bom plano, encontrou espaço mais perto da área, serviu André Silva que marcou de cabeça, aos 23′.

Dois minutos depois, outra vez com João Mário na jogada, Guedes cruzou e Otávio antecipou-se a toda a gente da defesa qatari e fez de cabeça um bom golo, para o 2-0. O jogador do FC Porto estreou-se na seleção depois de se ter naturalizado e notou-se que queria mostrar serviço e vinha com vontade.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os golos quebraram completamente o Qatar, que ainda viu o guarda-redes Barsham levar vermelho direto depois de uma falta sobre Gonçalo Guedes à entrada da área.

Mas há que destacar alguns jogadores na equipa qatari, como os avançados Almoez e Afif. À direita jogou Pedro Correia, nascido em Portugal com nacionalidade cabo-verdiana, em Mem Martins, mas que já está há uma década no Qatar, tendo-se naturalizado.

No início da segunda parte, sem surpresas, Portugal montou um “cerco” ao Qatar, que tentava passes longos ou sair de qualquer maneira para aliviar a pressão, com a bola a estar, mais uma vez sem surpresa, completamente na posse de Portugal, com destaque, mais uma vez, para João Mário e Otávio.

O jogo tornou-se então num treino de ataque organizado, o que pode ser importante para treinar algumas coisas para o jogo de Baku, frente ao Azerbaijão, com o senão a ser que jogadores de hoje, afinal, vão também disputar esse encontro. Se João Mário alinhar de início dem Baku, hoje foi um bom treino. Moutinho e Guedes? Idem. Otávio? Se jogar, claro.

Mas foi na outra baliza que houve um golo, com o Qatar a reduzir para 2-1. Foi surpreendente, claro, mas com dois “culpados”: Pedro Correia, o tal nascido em Portugal que um sprint e um cruzamento ganhou um canto; e toda a equipa portuguesa, que foi muito, muito passiva e deixou Abdelkarim cabecear sozinho para o golo qatari, muito festejado. Depois de reduzir o Qatar ainda teve ali uns minutos, digamos, corajosos, mas o jogo rapidamente voltou ao mesmo, mas com algumas quedas na qualidade das prestações dos mais perigosos Otávio e João Mário.

Aos 67′ algo de muito estranho aconteceu, quando entrou em campo o número… 7 de Portugal. Claro que não era Ronaldo, mas sim Trincão que aproveitou para “roubar” a camisola ao capitão, uma camisola que devia guardar…

A faltar menos de 20′ os centrais Domingos Duarte e o recém entrado Rúben Dias jogavam muito para lá do meio-campo, com o resto da equipa a tentar combinações, mas voltava a faltar um elo de ligação à frente da defesa do Qatar, mas atrás dos seus médios. Mas isto não acontecia apenas por demérito português, porque os qataris estavam bem fechados atrás.

Portugal foi tentando, com vários cruzamentos, vários cantos e até remates de longe, mas o resultado apenas viria a sofrer uma alteração de grande penalidade, depois de uma falta de Salman sobre um inteligente Diogo Jota, que soube esperar pelo contacto, num lance em que estava sem apoio. Sem Ronaldo, as bolas paradas sobraram para Bruno Fernandes (são agora colegas no Manchester United), que fez golo na grande penalidade. Pouco depois, acabaria o jogo.

Em suma, o jogo ficou obviamente alterado pelos dois golos em dois minutos e também pela expulsão do guarda-redes qatari, com a equipa do Qatar a mostrar que não é “tosca”, mesmo que não seja, obviamente, uma equipa forte.

Portugal ganha sem espinhas, como se esperava, na estreia de confrontos entre os dois países, e ainda na estreia, claro, do naturalizado Otávio que, pelo menos durante 65′, esteve em bom plano, demonstrando que é opção. E para Fernando Santos as boas dores de cabeça podem aparecer cada vez mais e são bom sinal. A seleção nacional agradece.