O Queer Lisboa – Festival Internacional de Cinema Queer abre a 25.ª edição, cuja programação inclui 76 filmes, no dia 17 de setembro, no Cinema São Jorge, com uma homenagem ao dramaturgo francês Jean Genet, anunciou esta terça-feira a organização.

Em comunicado, a organização do festival recorda que a 1.ª edição do então denominado Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa aconteceu em setembro de 1997 e, na noite de abertura, na Cinemateca Portuguesa, foi exibida a curta-metragem “Un chant d’amour”, “ato isolado na realização do novelista e dramaturgo francês Jean Genet”.

“Com este mote, iniciamos a contagem decrescente para o Queer Lisboa 25, que se realiza de 17 a 25 de setembro no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa, com um programa de 76 filmes procedentes de 27 países, que contempla clássicos da história do cinema queer e propostas desafiantes de realizadorxs emergentes que prometem dar que falar”, lê-se no comunicado.

A homenagem a Jean Genet acontece na sessão de abertura com a exibição de “Querelle”, de Rainer Werner Fassbinder, “filme póstumo que tem por base o ‘Querelle de Brest’, de Genet, e que transporta para um universo marcado pela violência e pelo erotismo”.

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Para a sessão de encerramento, foi escolhido “The watermelon woman”, de Cheryl Dune, “importante marco do New Queer Cinema, reconhecido enquanto um dos mais importantes filmes lésbicos, realizado por uma mulher negra”. A noite de encerramento do festival inclui também um espetáculo da dupla brasileira Noporn, que irá “interpretar faixas dos filmes ‘Beira Mar’ e ‘Tinta Bruta’, exibidos no festival, em anos anteriores.

A Competição de Longas-Metragens, cujo júri é composto pela argumentista e realizadora Fátima Ribeiro, a ‘performer’ e atriz Jenny Larrue e o ator Manuel Moreira, conta com oito filmes, que “cobrem uma gama ampla de modalidades narrativas e sensibilidades, sendo de destacar a tríade de estreias na realização composta por: ‘Madalena’, primeira longa-metragem do realizador brasileiro Madiano Marcheti, estreada no Festival de Roterdão; ‘The scary of sixty-first’, realizado e protagonizado por Dasha Nekrasova, vencedor do prémio Melhor Primeira Obra na Berlinale de 2021; e ‘Garçon chiffon’, proveniente de Cannes 2020, onde Nicolas Maury assume a realização e o papel principal”.

Na Competição de Documentários, com um júri composto pela presidente da ILGA Portugal, Ana Aresta, a jornalista e produtora da RTP Manuela Silva Reis, e o codiretor do DocLisboa Miguel Ribeiro, “a lista de filmes propostos transporta para um conjunto de diferentes geografias, mapeando a multitude de vivências e problemáticas dos indivíduos e comunidades queer”.

Na Competição de Curtas-Metragens, cujos 22 filmes serão avaliados por um júri composto pelo realizador Ricardo Branco, a atriz Cleo Diára e a jornalista Teresa Vieira, “um terço dos trabalhos apresentados são de cineastas que já marcaram presença no festival, alguns inclusive vencedores de outras edições, como é o caso de Yann Gonzalez, Marc Wagenaar e Cris Lyra”.

Nesta secção, Portugal está representado com dois filmes: “A table for one”, de Carlos Lobo, e “Luz de Presença”, de Diogo Costa Amarante.

Os mesmos jurados irão avaliar os nove filmes da competição “In My Shorts”, dedicada a filmes de escolas de cinema europeias, e “este ano com uma forte presença francesa”.

Na secção Queer Art, com um júri composto “pelx artista e educadore transfeminista Dani D’Emilia e pelo montador e programador Tomás Baltazar”, a organização do festival salienta “a presença de ‘Acts of Love’, de Isidore Bethel e Francis Leplay, uma docuficção que utiliza o universo das dating apps para mostrar as várias formas que o desejo e a intimidade assumem após o término de um relacionamento, ou o regresso de um nome já familiar ao festival,Gustavo Vinagre, para apresentar ‘Desaprender a dormir’, um exercício de procura pela líbido sexual no cruzamento entre ficção científica e pornografia”.

Nesta edição, a secção Panorama é composta por quatro filmes: “Enfant Terrible”, de Oskar Roehler, “‘biopic’ teatral sobre a figura de Fassbinder”, “Saint-Narcisse”, de Bruce LaBruce, “onde a descoberta de um irmão gémeo suscita uma reflexão bem humorada sobre narcisismo”, “Shiva baby”, de Emma Seligman, e “P.S. Burn this letter please”, de Michael Seligman e Jennifer Tiexiera, “onde a descoberta de umas cartas recupera um importante pedaço de história da comunidade queer norte-americana”.

Anteriormente tinha já sido anunciado que o Queer Lisboa irá dividir-se entre o Cinema São Jorge e a Cinemateca Portuguesa, que contará com a presença e o cinema do realizador norte-americano Gus Van Sant e que terá um projeto de itinerância noutras localidades.

Gus Van Sant vai estar em Lisboa este mês, para estrear o espetáculo “Andy”, na Bienal de Artes Contemporâneas – BoCA, mas, fruto de uma parceria entre a bienal e o festival, estará também presente no Queer Lisboa.

O festival prepara uma retrospetiva de “homenagem à obra de um dos autores mais prolíficos do cinema queer norte-americano”, contando com filmes como “Mala Noche” (1986), “A caminho de Idaho” (1991) e “Elephant”(2003).

O Queer Lisboa deu ainda “carta branca” a Gus Van Sant para programar na Cinemateca Portuguesa, tendo este escolhido dois filmes que fazem a ponte com o espetáculo de palco que estreará na BoCA: “The Chelsea Girls”, de Andy Warhol, e a sua própria longa-metragem “Gerry”.

Gus Van Sant irá estar presente numa sessão na Cinemateca Portuguesa, para uma conversa com o público.

Durante o festival, o público poderá aceder ‘online’ ao programa Outros Sistemas, “uma seleção composta por objetos artísticos interativos cuja existência é possibilitada pelo digital, e que procura refletir sobre a emergência de novas narrativas que confrontam a expressão queer com as particularidades dos formatos digitais”.

O Queer Lisboa revelou em maio que quer fazer chegar o cinema de temática ‘queer’ a outras localidades, para lá do eixo Lisboa-Porto, que já acolhe o festival.

Esse “projeto de itinerância” acontecerá entre novembro e a primavera de 2022, em parceria com a associação ILGA-Portugal, e com filmes que abordam temáticas sobre migrações, refugiados, direitos humanos, estigmas sobre VIH/Sida, sobre transgénero e ativismo LGBTQI+.

O Queer Porto está agendado para outubro, entre os dias 12 e 16, e vai decorrer no Teatro Rivoli, na Reitoria da Universidade do Porto, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, nos Maus Hábitos e na mala voadora.