A Polónia ganhou à Bélgica, a Sérvia bateu a Grécia (ainda que o jogo tenha ido à “negra”), a Ucrânia venceu a Bélgica. Depois da derrota de Portugal frente à Sérvia, e entre um dia de descanso que a Seleção teve para a preparação da última jornada da fase de grupos, as contas bateram certo com aquilo que deveria acontecer e o conjunto orientado por Hugo Silva entrava na Tauron Arena, em Cracóvia, sabendo que uma vitória por qualquer resultado iria significar de forma automática o apuramento para a fase a eliminar do Europeu de voleibol, um feito inédito no voleibol nacional desde que existe este formato na competição.

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Portugal chegou apenas seis vezes à fase final do Campeonato da Europa, sendo esta a segunda consecutiva após a frustrante eliminação em 2019 por apenas um ponto. Na longínqua década de 40 a Seleção até chegou a ser quarta classificada numa edição de 1948 com muito menos equipas, ganhando dois dos cinco encontros realizados diante de Países Baixos e Bélgica. A seguir, em 1951, terminou na sétima posição. Daí para cá, entre mais três qualificações, venceu somente uma partida em 2005, nenhuma em 2011 e uma em 2019. Agora, após um triunfo diante da Bélgica e três derrotas com Polónia, Sérvia e Ucrânia onde conseguiu sempre ganhar pelo menos um set, chegava a oportunidade de dar esse passo histórico num grupo difícil.

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“A equipa portou-se bem com a Sérvia, atendendo a que foi uma segunda equipa. Há uma luta que é o último jogo [com a Grécia], que é uma batalha que tem que ser conseguida. E aí é que vamos ver até que ponto a equipa tem nível e competência. É um teste a eles mesmos para ver até que ponto eles conseguem lutar por grandes competições como esta e seguir em frente. Vamos ver se têm capacidade suficiente para andar nestas andanças e para pensar em voos mais altos. É um teste que vamos ter que o ter e tenho a certeza que vão dar uma resposta positiva”, comentou Hugo Silva à agência Lusa após a derrota por 3-1 com a Sérvia, marcada pelas muitas alterações que promoveram destaques como Sinfrónio ou André Marques.

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Na hora da verdade, e apesar de ter praticamente “oferecido” o segundo parcial à Grécia após desperdiçar uma vantagem de quatro pontos na fase final, Portugal conseguiu superar a pressão de um jogo que também poderia dar o apuramento aos helénicos e assegurou os dois sets necessários para a qualificação, conseguindo depois carimbar a segunda vitória nesta fase de grupos no quarto parcial com uma fantástica recuperação na ponta final que fechou o triunfo em 3-1 já com algumas alterações na equipa.

O encontro começou com grande equilíbrio, sem que nenhuma das equipas conseguisse uma vantagem que fosse superior a um ponto até ao serviço direto de Alexandros Raptis que fez o 7-5 para os helénicos. No entanto, e com o passar dos minutos, Portugal conseguiu assentar mais o seu jogo, colocou mais pressão no primeiro toque do adversário, aumentou a eficácia de remate com Alexandre Ferreira em destaque e fez-se valer do bloco para ir consolidando a sua vantagem, chegando pela primeira vez aos dois pontos com 15-13. Entraram em campo as paragens técnicas, com a Grécia a melhorar depois do desconto passando para a frente (21-19) antes de Portugal chegar à rotação com André Lopes a servir e Alexandre Ferreira na rede com o irmão Marco Ferreira (que entrara na equipa) e fazer quatro pontos seguidos a fechar o set (25-22).

Esse final com o serviço e o bloco a marcarem a diferença teve depois prolongamento no início do segundo parcial, com Miguel Tavares Rodrigues ao melhor nível na distribuição e Portugal a mostrar-se implacável no plano ofensivo, utilizando também da melhor forma o central Cveticanin para ir deixando a Grécia para trás com um avanço de quatro pontos. A consistência de jogo que Hugo Silva tantas vezes foi pedindo esteve ao mais alto nível no decorrer dos pontos seguintes mas claudicou por completo no final do set, com a receção a ter vários erros com “bolas grátis” para os gregos que conseguiram virar e vencer por 26-24.

A forma como Portugal cedeu à pressão quando não podia era uma incógnita para o terceiro set mas os papéis acabaram por ser invertidos: depois das vantagens mínimas que a Grécia foi conseguindo ter, com um jogo bem mais confiante em termos ofensivos e na receção, a Seleção agigantou-se na parte final com vários pontos de rede em ataque e bloco que deram a vitória por 25-20 que carimbou o apuramento, segurando a quarta posição do grupo A que assegura a inédita presença nos oitavos no domingo, frente aos Países Baixos. Hugo Silva fez depois algumas mexidas na equipa, que estava com dificuldades em responder após um certo relaxamento pela qualificação, mas nove pontos consecutivos no serviço de Miguel Tavares Rodrigues tiveram o condão de virar o encontro de 14-19 para 23-19, fechando o quarto set em 25-22.