Doze ativistas pró-democracia de Hong Kong declararam-se esta quinta-feira culpados de participarem numa vigília não autorizada para assinalar o chamado “massacre de Tiananmen”.

Os 12 foram acusados de participarem na vigília não autorizada em 4 de junho do ano passado, quando milhares de habitantes de Hong Kong acenderam velas e entoaram cânticos, apesar dos avisos da polícia de que poderiam estar a infringir a lei. Sete deles foram também acusados de incitarem outros a integrarem a iniciativa.

Devido à pandemia de Covid-19, as autoridades de Hong Kong alegaram riscos para a saúde pública para proibir nos dois últimos anos as habituais vigílias que assinalavam o aniversário da repressão chinesa contra manifestantes na Praça Tiananmen em Pequim, em 1989, que resultou num número indeterminado de mortos.

Ativistas e oposição ao Governo de Hong Kong criticaram a proibição, argumentando que esta faz parte de uma repressão contínua contra a dissidência no território semiautónomo chinês, após meses de protestos antigovernamentais em 2019.

Macau e Hong Kong eram os dois únicos locais na China em que se assinalava, publicamente, a data. Mas, tal como em Hong Kong, as autoridades também proibiram o evento.

Entre os ativistas que se declararam culpados contam-se o advogado Albert Ho, os antigos legisladores Eddie Chu e Figo Chan, e um antigo líder da Frente Cívica de Direitos Humanos, movimento conhecido por ter promovido as maiores manifestações pró-democracia em Hong Kong.

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Os 12 réus enfrentam agora uma pena que pode ir até aos cinco anos de prisão.

Os ativistas fazem parte de um grupo maior de detidos em 4 junho. Alguns deles, incluindo o fundador do Apple Daily, Jimmy Lai, declararam-se inocentes.

Hong Kong. Ativista Joshua Wong condenado a mais dez meses de prisão, por participar em 2020 numa vigília

Já o ativista Joshua Wong, assim como três outros, também acusados de reunião ilegal na vigília de 4 de junho do ano passado, já se tinham declarado culpados em abril deste ano, tendo sido condenados a penas de prisão entre quatro e dez meses.

As autoridades de Hong Kong conseguiram acabar com as manifestações em 2020, depois de Pequim ter imposto uma lei de segurança nacional que, no limite, pode traduzir-se numa pena de prisão perpétua.

Dezenas de ativistas pró-democracia foram detidos e a cidade alterou as leis eleitorais para aumentar o número de lugares para os legisladores pró-Pequim, reduzindo ao mesmo tempo aqueles que são diretamente eleitos.

A China recuperou a soberania da antiga colónia britânica em 1997. A transferência da administração de Macau de Portugal para a China ocorreu no final de 1999.

Em ambos os casos, Pequim aplicou o princípio “Um País, Dois Sistemas”, que permitiria a Hong Kong e Macau manterem durante 50 anos o sistema capitalista e o modo de vida, incluindo direitos como liberdade de expressão, de imprensa, de associação, de reunião e de manifestação.