O país está a cerca de três semanas de conhecer uma nova fase Covid, a última do plano de levantamento de restrições, e o Governo quer ouvir os especialistas mais uma vez antes de determinar as medidas que se seguem. Há uma que já está garantida e não depende de nada disso, o fim do uso de máscara no espaço público, ainda que envolta em alguma confusão, no que às escola diz respeito, sem que o Governo tome uma posição sobre isso.

“Provavelmente dentro de três semanas” o país vai atingir a meta de 85% da população com vacinação completa contra a Covid-19 e isso faz com exista a necessidade de se realizar “nova reunião do Infarmed para debater este novo patamar e as medidas que se devem aprovar neste momento”, segundo disse Mariana Vieira da Silva no final do Conselho de Ministros.

É para essa reunião entre responsáveis políticos e especialistas que a ministra remete, por agora, as respostas a grande parte das perguntas que se colocam, nomeadamente sobre a organização dos centros de vacinação quando a meta dos 85% estiver atingida. Questionada sobre a hipótese de, como pede a Ordem dos Enfermeiros, estas estruturas passarem a ser aproveitadas para administrar vacinas da gripe, Mariana Vieira da Silva começou por dizer que quer primeiro ouvir os peritos, mas depois acabou por afirmar que “não é comparável o número de vacinas dadas neste processo com as que são dadas na vacinação da gripe. Não estamos a falar de universos minimamente semelhantes”.

Também não se comprometeu — remetendo para o Ministério da Saúde — com a disponibilização de vacinas contra a gripe em quantidade suficiente para responder à procura (no ano passado falhou), sobretudo quando há avisos de pneumologistas sobre a previsão de um vírus com características mais graves este ano.

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Já quanto às máscaras nas escolas e a confusão de que a comunidade escola se queixa depois de a diretora-geral de Saúde ter vindo falar sobre o uso recomendado deste equipamento de proteção individual nos recreios quando já há diretivas que dizem que é obrigatório o uso nas escolas a partir dos 10 anos, também chuta para outro lado. “O referencial é conhecido e cabe agora à Direção Gera de Saúde e ao Ministério da Educação dar resposta às dúvidas”, respondeu simplesmente.

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O mesmo sobre a decisão de não usar máscaras em espaços públicos, no geral. Mariana Vieira da Silva diz que é a DGS que vai “detalhar” os pormenores sobre o fim desta medida — depois e o Parlamento não a ter renovado.

Para a fase seguinte de levantamento de restrições, o Governo vai aconselhar-se com os especialistas, mais uma vez, embora muito esteja já definido desde que apresentou o plano de desconfinamento e anunciou que deixará de existir limite máximo de pessoas por grupo no interior e exterior de restaurantes, cafés e pastelarias e o mesmo para os espetáculos culturais e eventos de carácter familiar e ainda reabrem os bares e discotecas.

“Claro que viveremos com medidas obrigatórias, com recomendações da DGS relativamente a algumas matérias, e esse é o enquadramento com que viveremos a partir de outubro”, afirmou a ministra.

Mas tudo isto com cautela, já que para Mariana Vieira da Silva não se pode “assumir que existirá o fim total das restrições porque a pandemia ainda existe, não foi declarado o seu fim”. E que a situação do futuro próximo será de atingir “um patamar de vacinação que permite levantar e aliviar algumas dessas restrições e mudar algumas regras”. É isso que será analisado no Infarmed, em data que a ministra não quis antecipar.