Ammar Ameen, um dos irmãos iraquianos que foi detido a semana passada devido às ligações com o Daesh, foi auxiliado por uma assistente técnica dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de modo a obter a Autorização de Residência Provisória, numa altura que o homem já era visto como uma ameaça ao país.
Segundo revela a SIC Notícias, a funcionária do Gabinete de Asilo e Refugiados era amiga da namorada do iraquiano, uma portuguesa que trabalhava numa organização não governamental (ONG) dedicada à integração de imigrantes. Para conseguir que o namorado conseguisse ficar mais tempo em Portugal, a mulher contactou a trabalhadora do SEF, havendo mesmo registo de chamadas telefónicos e de um encontro a três.
Ao que também apurou o Correio da Manhã, foi no passado dia 5 de março que, no jardim Constantino, em Lisboa, que a funcionária do SEF e Ammar Ameen se encontraram. Foi aí que o iraquiano assinou os documentos necessários para renovar a Autorização de Residência Provisória.
PJ encontra autorização em buscas em quarto de Ammar Ameen
Foi apenas na sequência das buscas aos quartos de Ammar Ameen e do irmão que a Polícia Judiciária encontrou o pedido de Autorização de Residência Provisória com a assinatura da trabalhadora do SEF, que, ao que a SIC sabe, já pediu transferência para outro serviço do Estado.
Entretanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já constituiu arguida a funcionária do Gabinete de Asilo e Refugiados. O SEF garante que tem vindo “a prestar toda a colaboração solicitada pelas autoridades judiciárias”, mas, de acordo com o CM, a assistente técnica ainda não foi alvo de um processo disciplinar, uma vez que ainda não foi notificado das acusações em causa.
Ammar Ameen, juntamente com o irmão Yasser, é acusado da prática dos crimes de adesão e apoio a organização terrorista internacional, terrorismo internacional, e crimes contra a humanidade. Os dois foram acolhidos ao abrigo do programa de recolocação para refugiados da União Europeia.
Os dois irmãos estão desde 2017 em Portugal e desde essa altura que havia alertas de que integravam o Estado Islâmico. No entanto, Yasser chegou a trabalhar num restaurante, que foi visitado por António Costa, Jorge Sampaio e Marcelo Rebelo de Sousa, que já veio dizer que, na altura da visita, não tinha informação de que estava diante de um suspeito de terrorismo.