O Millennium BCP vai avançar com um procedimento de despedimento coletivo que vai abranger 62 trabalhadores de 10 áreas e direções da instituição. A informação foi avançada numa mensagem do presidente do banco, Miguel Maya, aos colaboradores onde este lamentar não ter sido possível fazer o processo de redução de pessoal apenas pela via negocial.

Na mensagem a que o Observador teve acesso, o gestor sublinha que o banco estudou e considerou soluções para minimizar o processo de saída de colaboradores, mas que desde o início deixou claro que era  “imprescindível assegurar que a redução do quadro de pessoal fosse alinhada e compatível com as necessidades efetivas do Banco”.

Ainda assim, assinala, foi possível chegar a acordo com cerca de 80% dos trabalhadores abrangidos pelo processo de redução de pessoal, pelo que o despedimento coletivo terá menos impacto.

O BCP anunciou em junho que queria eliminar 800 a mil postos de trabalho. O grupo empregava no final do semestre 6.937 pessoas em Portugal e quase 10 mil no total, incluindo o banco polaco. Há duas semanas, o banco revelou que ia avançar para o despedimento de até 100 trabalhadores, depois de ter chegado a acordo com cerca de 700 funcionários para saídas por acordo (reformas antecipadas, pré-reformas e rescisões por mútuo acordo).

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Esta sexta-feira sete sindicatos dos bancários convocaram uma greve para o BCP em protesto contra o despedimento coletivo. Os sindicatos dizem ter feito “todos os esforços”, mas que face à intransigência decidiram avançar com greve conjunta. A data da greve será anunciada na próxima semana.

“Na sequência da reunião de hoje dos seis sindicatos com a comissão executiva do Banco Comercial Português (BCP) e face à posição intransigente assumida pelo banco de avançar com o despedimento coletivo de pouco mais de 80 bancários, não resta outra alternativa a estes sindicatos que não seja a greve”, lê-se no comunicado hoje divulgado por Mais Sindicato, SBN – Sindicato dos Trabalhadores do Setor Financeiro, Sindicato dos Bancários do Centro (afetos à UGT), Sintaf (ligado à CGTP), Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários e Sindicato Independente da Banca (independentes).

Miguel Maya reconhece que “desde o início estivemos cientes de que um programa de reformas e rescisões por mútuo acordo que alcançasse a quase totalidade das pessoas abrangidas – o que permitiria minimizar o número de trabalhadores a abranger como pretendíamos -, seria muito difícil de concretizar. Em resultado do rigor na preparação e nas atuações empreendidas, foi, no entanto, possível chegar a acordo com cerca de 80% dos trabalhadores abrangidos, o que permite agora que o esforço a efetuar para completar o processo, sendo ainda muito relevante quando se tem presente cada caso em concreto, terá, apesar de tudo, menos impacto.

As pessoas abrangidas pelo despedimento coletivo serão informadas individualmente pelos recursos humanos. O banco irá comunicar à comissão de trabalhadores os motivos e critérios para selecionar os que vão ser afetados pelo despedimento coletivo. As condições serão apresentadas na próxima semana.

Segundo disse à Lusa fonte sindical, a greve será ainda este mês, mas a data não é já marcada, pois para dia 16 está agendada a reunião dos sindicatos com a administração do Santander Totta, o outro banco que também já manifestou a intenção de fazer despedimentos coletivos.

Notícia corrigida às 20h55 do dia 10 de outubro de 2021