A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), cujo diretor-geral está em Teerão, anunciou este domingo ter chegado a um acordo com o Irão sobre os equipamentos de vigilância do programa nuclear, poucos dias após denunciar a falta de cooperação.

“Os inspetores da AIEA têm autorização para intervir para manter o equipamento e substituir os discos rígidos”, disse a AIEA, num comunicado em Viena.

Por seu lado, em Teerão, o chefe do programa nuclear civil do Irão, Mohamed Eslami, garantiu que os iranianos vão permitir que os inspetores da ONU instalem novos cartões de memória em câmaras de vigilância nos seus locais atómicos sensíveis para que possam continuar a filmar.

Eslami comentava os resultados da reunião realizada hoje com o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, em Teerão.

Desde o final de fevereiro que o Irão impedia os inspetores da AIEA de acederem às imagens de vigilância numa altura em que estava em dúvida a continuidade do acordo nuclear entre Teerão e as potências mundiais.

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O anúncio do acordo permite ao Irão ganhar tempo antes da reunião do conselho da AIEA, na próxima semana, num contexto em que as potências ocidentais têm criticado as autoridades iranianas pela falta de cooperação com os inspetores internacionais.

Na semana passada, no seu relatório trimestral, a AIEA disse aos Estados membros que as atividades de verificação e monitorização foram “seriamente prejudicadas” desde fevereiro pela recusa do Irão em permitir que os inspetores acedessem aos equipamentos.

A AIEA disse que alguns desses equipamentos de monitorização e vigilância não podem ficar mais de três meses sem manutenção.

Já este mês, o Irão permitiu o acesso a quatro câmaras de vigilância instaladas num local não identificado, salientando, porém, que uma delas foi destruída e uma segunda foi gravemente danificada, lembrou a AIEA.

Em Israel, o primeiro-ministro israelita, Nafatli Bennett, exortou as potências mundiais a não “caírem na armadilha do engano iraniano que levará a concessões adicionais” sobre o impasse.

“Não se deve desistir de inspecionar os locais e, o mais importante, a mensagem mais importante, é a de que deve haver um limite de tempo. O Irão está a arrastar o processo e devemos estabelecer um prazo bem definido que diga: até aqui”, afirmou Bennett.

Em Riade, os principais diplomatas da Arábia Saudita e da Áustria expressaram em conjunto a preocupação com os avanços nucleares do Irão, com o ministro dos Negócios Estrangeiros austríaco, Alexander Schallenberg, a dar conta da “recusa do Irão em permitir o acesso às inspeções nucleares”.