A confiança era muita na teoria, a prática acabou por não confirmar essas boas indicações. Miguel Oliveira continua a lutar contra dois grandes obstáculos nesta fase da temporada para voltar a um bom momento e nenhum deles está relacionado com as equipas adversárias: por um lado, a lesão no pulso sofrida após uma queda complicada nos treinos do Grande Prémio da Estíria; por outro, o processo de melhorias ainda em evolução que a KTM continua a fazer depois das últimas provas onde a moto não deu a mesma resposta que conseguira fornecer entre maio e junho. E foi esse de novo o problema na qualificação em Aragão.

Depois do bom tempo registado na terceira sessão de treinos, que lhe rendeu o 13.º lugar, e das sensações positivas na antecâmara da Q1, o português não conseguiu dar prolongamento essas indicações e não foi além da 18.ª posição na qualificação, saindo da sexta linha da grelha para um Grande Prémio onde estava apostado em voltar a pontuar deixando para trás duas desistências e o 16.º posto na Grã-Bretanha.

“Foi uma qualificação algo estranha. Depois de ter pensado encontrar uma boa sensação na quarta sessão de treinos livres, encontrámos algumas dificuldades com os pneus novos, com uma vibração muito estranha que vinha ou da moto ou dos pneus. Ainda não sabemos bem mas não nos permitiu ir mais rápido”, explicou à sua assessoria de imprensa depois da qualificação. “Ainda assim, estou contente com o trabalho feito até agora. Amanhã [domingo] temos uma corrida longa e ainda acredito que vamos ter oportunidade de marcar muitos bons pontos”, acrescentou o piloto que partia para esta prova no oitavo lugar do Mundial.

Para Miguel Oliveira, voltar aos pontos era o grande objetivo. Em termos internos, e depois dos tempos de Brad Binder na Q2, o português estava apostado em encostar no sul-africano e voltar a aproximar-se do companheiro de equipa da KTM na classificação. Lá na frente a luta era outra e Quartararo, atual líder do Campeonato, tentava reduzir distâncias para as Ducati de Pecco Bagnaia e Jack Miller, os mais rápidos na qualificação à frente de um Marc Márquez em crescendo que iria sair na quarta posição. Os dados estavam lançados para uma corrida especialmente importante a seis provas do final da temporada.

Miguel Oliveira conseguiu ganhar uma posição logo a abrir no arranque, subiu depois ao 13.º lugar na altura em que Álex Marquez sofreu uma queda e estabilizou depois na cauda final dos pontos ao ser ultrapassado por Zarco e Álex Rins. As boas indicações que a KTM de Brad Binder pareciam dar, com o sul-africano a lutar pela sétima posição, não se alargavam ao português, que continuava a ter dificuldades para chegar ao ponto de total estabilidade da moto. Lá na frente, Márquez saiu que nem uma bala para o segundo lugar atrás de Bagnaia, ao passo que Quartararo caiu para o sétimo posto sendo apertado por… Iker Lecuona.

A corrida entrou depois numa fase de maior estabilidade a nível de posições, com Miguel Oliveira a subir de novo ao 14.º posto à frente de Zarco mas a meio segundo da Honda de Pol Espargaró (que depois viria a passar Alex Rins) enquanto Quartararo se ia afundando, na linha das dificuldades que já antevia antes do início da corrida. Só mesmo num erro de Jack Miller, que lhe custou duas posições, houve mexidas na classificação, com Joan Mir e Aleix Espargaró a entrarem na luta pela última posição do pódio e Iker Lecuona a “andar paa trás” nas últimas voltas, caindo do sétimo para o 11.º posto. A três voltas do final, aí, todas as atenções se centraram na luta pela vitória, com Márquez a pressionar sem sucesso Pecco Bagnaia, que após um grande espectáculo na defesa da liderança conseguiu somar pontos para se aproximar de Quartararo.

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