A Universidade de Coimbra (UC), em parceria com a Universidade de Aveiro e duas empresas, está a desenvolver “refeições pré-cozinhadas alternativas, com elevado valor nutricional”, de “rápida confeção”, baseadas em macroalgas marinhas da costa portuguesa.

O desenvolvimento de “um leque variado de pratos doces e salgados à base de macroalgas marinhas da costa portuguesa” é a proposta do projeto MENU, que, coordenado pela investigadora Ana Marta Gonçalves, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da UC, se propõe oferecer aos consumidores uma “dieta rica e saudável”, afirma a UC, numa nota enviada esta segunda-feira à agência Lusa.

“Os primeiros produtos poderão estar no mercado dentro de um ano”, admite a UC, sublinhando que “a grande inovação do “MENU: Marine Macroalgae: alternative recipes for a daily nutritional diet” está na “utilização completa das macroalgas marinhas e não apenas extratos ou compostos, como acontece em várias indústrias”.

O objetivo, explicita a UC, é “aproveitar todas as propriedades destas verduras do mar, conhecidas, por exemplo, pelas suas propriedades antivirais, antibacterianas, antidiabéticas, antioxidantes e anticancerígenas, entre outras”.

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“Conhecendo o elevado valor nutricional e as bioatividades das macroalgas, que apresentam muitos benefícios para a saúde humana, a nossa aposta é utilizar a alga como um todo de modo a que os nossos produtos tenham todas as biopropriedades, garantindo assim os efeitos benéficos para os consumidores”, afirma Ana Marta Gonçalves.

Já foram desenvolvidas várias receitas, tais como arroz com algas, frango com algas, sopas e molhos adicionais; e, nos doces, gelatinas de framboesa e morango, pudins de vários sabores, compotas e arroz doce, indica a UC, adiantando que outros produtos estão em fase de desenvolvimento.

“Pretendemos oferecer um cardápio diversificado que vá ao encontro dos diferentes interesses dos consumidores. Desenvolvemos várias receitas com diferentes macroalgas”, refere, citada pela UC, a investigadora.

Estão também a ser desenvolvidas películas naturais à base de macroalgas para “aumentar o tempo de prateleira no supermercado de alimentos como carne, peixe e fruta, que podem ser consumidas diretamente junto com o produto que estão a revestir”, acrescenta.

Para perceber a aceitação dos consumidores, a equipa realizou já alguns ‘workshops’ de degustação, envolvendo pessoas de várias faixas etárias, dos 17 aos 77 anos. Os participantes “gostaram bastante, demonstrando interesse, especialmente no que respeita aos benefícios para a saúde, e destacaram o sabor e textura agradáveis”.

“Cada vez mais, o consumidor preocupa-se com a sua saúde e com o seu bem-estar”, sublinha Ana Marta Gonçalves.

Este projeto, iniciado em 2019, que é financiado pelo Fundo Azul — um mecanismo de incentivo financeiro da Direção-Geral de Política do Mar destinado a apoiar a investigação científica –, visa também dar resposta aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, contribuindo, designadamente, para a produção e consumo de produtos sustentáveis e melhoria da nutrição.

Durante todo o processo, “avalia-se de forma contínua o valor nutricional das macroalgas para se ter a certeza de que não há perda ou redução desse valor nutricional”, conclui a investigadora.

Além da parceria com a Startup Lusalgae, especializada em biotecnologia marinha, e a Ernesto Morgado, S.A., a mais antiga indústria de arroz em Portugal, a equipa do projeto MENU, constituída por 16 investigadores, estabeleceu também acordos com outras empresas, para colocar esta nova geração de produtos no mercado, o que poderá acontecer dentro de um ano.