A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu esta quarta-feira a necessidade de “acabar com a política velha” que pensa as autarquias na perspetiva do carro individual, criticando a desresponsabilização do poder local sobre este tema.

O segundo dia do período oficial de campanha do BE começou esta quarta-feira com uma viagem de comboio entre Vila Franca de Xira — onde os bloquistas têm um vereador eleito — e Lisboa, tendo Catarina Martins falado com os jornalistas a bordo, durante a ligação que demorou cerca de meia hora.

“Claro que cada um tem de ter uma responsabilidade individual na forma como decide organizar a sua vida, mas nada disso muda a necessidade de responsabilidade coletiva de acabar com a política velha que pensa as freguesias e os concelhos numa perspetiva do carro individual e começa a permitir que toda a gente tenha a possibilidade de utilizar o transporte coletivo”, defendeu.

A coordenadora do BE deu o exemplo da viagem que estava a ser feita, afirmando que “há tanta gente em freguesias à volta de Vila Franca de Xira que, pura e simplesmente, não tem nenhum transporte para chegar até ao comboio”.

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“Aquilo que queremos defender nesta campanha e a nossa luta é para podermos ter uma mobilidade que seja de ferrovia, mas esta não dispensa também as carreiras, os transportes capilares dentro de cada concelho, em cada freguesia para que toda a gente possa utilizar os transportes coletivos”, explicou.

Catarina Martins avisou que, com “os investimentos tal como estão anunciados na ferrovia” e sem que “as autarquias façam a sua parte de ligação das várias freguesias à oferta ferroviária”, o “comboio não vai poder ser um modo de transporte que a generalidade das pessoas vão usar”.

“E nestas autárquicas nós discutimos muito uma nova política, ou seja, é preciso acabar com esta política velha em que para a habitação o que vale é o mercado e a especulação imobiliária e que as autarquias lavam as mãos e com esta política de transportes e de organização em que o carro individual acaba sempre por ser a única forma de transporte em tantos trajetos e para tantas pessoas”, enfatizou.

Catarina Martins deu o seu exemplo pessoal de utilizador frequente de transportes públicos e referiu que pode “ir para o parlamento de autocarro”, mas lamentou o facto de tanta gente não ter “nenhum transporte coletivo que o ligue ao local de trabalho”.

“E a verdade é que a política até agora das autarquias tem sido uma desresponsabilização por essa alteração da forma como o urbanismo é pensado para permitir que o transporte coletivo seja a resposta em vez de o transporte individual ser a única forma como as pessoas se conseguem deslocar tantas vezes nos nossos concelhos”, criticou.