Os médicos estão a aderir cada vez menos ao regime de incentivos do governo criado para que os profissionais de saúde se fixem em zonas com carências de profissionais. Desde 2019 que o número de médicos a aceitar estas vagas tem vindo a diminuir — o problema da falta de adesão poderá estar na base como os salários e as condições da classe, apontam sindicatos.

No ano de arranque, em 2015, o regime teve adesão de sete médicos apenas, tendo crescido para 59 em 2016 e 183 em 2017. O número disparou para 328 em 2018 e subiu para 358 em 2019, mas em 2020 o número de médicos baixou para 313 e em julho deste ano, eram apenas 263 — segundo números enviados ao Jornal de Notícias pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

Este ano abriram 200 novas vagas que podem ser preenchidas até ao final do ano, pelo que o número pode crescer, mas os sindicatos não estão crentes de uma subida significativa. Ao JN, Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, e Noel Carrilho, da Federação Nacional, admitem que o regime é positivo e renovam a disponibilidade para negociar com o ministério, mas clarificam que o problema maior está na base da carreira médica, mais concretamente nas condições de trabalho e no salário.

Na lista de benesses à mobilidade geográfica para zonas carenciadas, o programa prevê mais 40% do salário acrescido à remuneração-base da 1.ª posição da categoria de assistente, da carreira especial médica ou da carreira médica — este acréscimo acontece ao longo de seis anos, caso o médico tenha sido colocado no ano de 2021, ou ao longo de três anos caso tenha sido colocado antes. Além disso, os médicos têm direito a mais dois dias de férias por ano e podem tirar outros 15 dias no caso de haver formação ou trabalho de investigação a ser feito.

Em agosto, o governo mostrava-se preocupado pelo facto de também um terço das vagas de um concurso que pretendia contratar 459 médicos de medicina geral e familiar ter ficado por preencher, sendo a zona de Lisboa e Vale do Tejo a região com menos adesão. Nessa altura, Marta Temido terá admitido melhorar os incentivos para quem trabalha em zonas carenciadas, segundo o JN, tendo voltado a prometer retomar o regime de exclusividade.

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