Era mesmo uma questão de tempo. Era mesmo uma questão de tempo. Desde que assinou pela Deceuninck Quick-Step, no ano de 2020, João Almeida melhorava a olhos vistos corrida após corrida mas faltava a primeira vitória para desbloquear a teoria do ketchup tantas vezes aplicada aos avançados no futebol.

Uma, duas, quatro: João Almeida continua a somar vitórias em 2021 e consegue amarela no arranque da Volta ao Luxemburgo

Foi segundo na chegada ao Mirador del Castillo na Volta a Burgos, foi segundo na primeira etapa do Giro em contrarrelógio em Palermo, foi segundo na subida a Monselice também na Volta a Itália. O quarto lugar numa das três principais provas do calendário internacional ficava como cartão de apresentação em 2020 para 2021, sendo que no Giro deste ano voltou a ser segundo em duas etapas de uma última semana de exceção que lhe valeu a sexta posição na geral. Na Volta à Polónia, aí, tudo mudou. E além dos dois triunfos em Przemyśl e Bukovina Resort, ganhou a classificação geral e a camisola dos pontos.

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Histórico: João Almeida continua a fazer o impensável e vence a Volta à Polónia

Agora, já depois da participação nos Jogos Olímpicos em Tóquio antes da Polónia e depois dos Europeus de Elites masculinas, João Almeida voltou a mostrar o bom momento com a vitória na primeira etapa da Volta ao Luxemburgo. 31 anos depois havia um vencedor português, sendo que só Acácio da Silva e Joaquim Agostinho tinham conseguido ganhar ali. Tão ou mais importante do que esse triunfo num sprint fantástico pelo exterior depois de conseguir sair com mestria de uma zona bloqueada, Almeida terminou a etapa e foi cumprimentar um a um, de forma efusiva, todos os corredores da Deceuninck. Apesar de estar de saída da equipa belga para a UAE Team Emirates, mostrou uma faceta de líder que deixará saudades.

Esta quarta-feira, a ligação entre Steinfort e Esch-sur-Sûre numa extensão de mais de 186 quilómetros iria colocar o português como alvo de todos os ataques, tendo em vista também a etapa de sexta-feira que pode favorecer o português, num contrarrelógio de 25,4 quilómetros. Por um lado, as condições estavam tudo menos fáceis, com alguns corredores a utilizarem mesmo coletes para combater a chuva e o frio; por outro, como se viu na primeira de três passagens pela meta a subir, os ataques iriam ser constantes.

Na primeira tentativa, com a Groupama a puxar e Vincenzo Nibali a espreitar um esticão nesse grupo que foi ficando mais reduzido, João Almeida aguentou bem e manteve-se no primeiro grupo perseguidor dos quatro fugitivos do dia, intercetados a pouco menos de 40 quilómetros da meta. Na segunda passagem, as coisas correram ainda melhor para o português, que conseguiu ir ganhar mais três segundos de vantagem com as bonificações num sprint onde voltou a mostrar a sua superioridade. Anthony Turgis, da TotalEnergies, tentou a fuga anulada na ponta final pela Emirates e pela Deceuninck, e começava a parte tática da corrida com essa ideia que uma chegada como na véspera iria favorecer de novo João Almeida.

Marc Hirschi conseguiu então disparar para a vitória (sempre a olhar por trás do ombro até ao último quilómetro), com o português a perceber bem a seleção do grupo de perseguidores, a ficar com Pinot e Gaudu e a terminar em segundo com bonificações, sabendo que as etapas que se seguem são altamente favoráveis para recuperar os segundos perdidos para o suíço. Mesmo perdendo a camisola amarela, João Almeida ficou a quatro segundos da liderança com os nove segundos que conseguiu em duas bonificações, deixou David Gaudu e Thibaut Pinot a 15 e 19 segundos, respetivamente, e cavou um avanço maior em relação a outros nomes como Nairo Quintana (29s) ou Bauke Mollema (31s).