O candidato do Aliança à Câmara de Viana do Castelo assinalou esta sexta-feira como prioridade do seu programa a recuperação da “soberania que a cidade perdeu” na gestão do porto de mar e na Turismo Porto e Norte de Portugal.

“Na minha opinião, tem de haver o regresso da autonomia do porto. A governação vianense tem de ter uma voz ativa no porto de mar”, afirmou esta sexta-feira à Lusa Rui Martins.

Para o cabeça de lista do partido Aliança, que falava à Lusa junto à “histórica e magnífica” doca comercial da cidade, onde está atracado o navio museu Gil Eanes, “se Viana do Castelo recuperar a soberania no turismo”, tal como acontecia com a Região de Turismo do Alto Minho (RTAM), entretanto integrada na Turismo Porto e Norte de Portugal (TPNP), entidade que agrega 86 municípios da região, “conseguiria defender os interesses da cidade e do Alto Minho”.

“Quando falo em soberania não quero dizer Viana a viver isolada. Falo em Viana a viver no Alto Minho. Viana só sobrevive quando for reconhecida como capital do Alto Minho. De outra forma, qualquer dia, vai ser uma freguesia do Alto Minho”, alertou.

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Em 2015, a fusão e incorporação da Administração do Porto de Viana do Castelo na Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL) deu lugar à Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo.

“Nessa altura, Viana do Castelo tinha capacidade de decisão. “Hoje [esta sexta-feira] não tem nenhuma. Somos uma dependência de Leixões [Matosinhos, distrito do Porto]”, afiançou o arquiteto e empresário, de 66 anos.

Para Rui Martins, é necessário “lutar pela recuperação dessa soberania”, por “não ser suficiente” a representação na autoridade marítima.

“Vemos o que se passa com a marina e com toda a frente ribeirinha. Têm uma componente turística fortíssima e estão completamente abandonadas. Neste momento, não há qualquer hipótese para competir com outros portos. Em Baiona [Galiza] a informação que prestam aos navegadores é que o próximo porto de recreio é o da Póvoa de Varzim [distrito do Porto]. Já apagaram Viana”, sustentou.

Rui Martins destacou que “o porto de mar é a principal porta de entrada no país para quem navega de norte para sul”, mas lamentou “o caos” em que se encontra, o estado “decrépito e andrajoso” da marina e “completa degradação da frente ribeirinha”.

“Temos valores patrimoniais, como por exemplo a eclusa [obra de engenharia hidráulica que permite que embarcações subam ou desçam os rios ou mares em locais onde há desníveis] e peças notáveis que deviam ser reabilitadas. O cais está a cair. Tudo isto faz parte de um património que nós estamos a perder”, frisou.

Para o candidato, a marina, “equipamento turístico da maior importância, está complementarmente abandonada”, e a pesca artesanal está na mesma situação, por “tremenda falta de estratégia”.

“Temos toda a nossa cultura marítima no bairro piscatório [ribeira] que tem de ser dinamizada, quer ao nível de acontecimentos musicais ligados ao mar, quer de um reforço do perfil das festas da d’Agonia”, defendeu.

Além de Rui Martins, concorrem nas eleições do dia 26 Luís Nobre pelo PS, Eduardo Teixeira pela coligação PSD/CDS-PP, Cláudia Marinho pela CDU, Jorge Teixeira pelo Bloco de Esquerda, Paula Veiga pelo Nós, Cidadãos!, Maurício Antunes da Silva pelo IL e Cristina Miranda pelo Chega.

Nas autárquicas de 2017, o PS conquistou 53,68% dos votos e garantiu seis mandatos. O PSD atingiu os 21,25% (dois mandatos) e a CDU (PCP/PEV) alcançou 8,11% (um eleito).