A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu esta sexta-feira que, ao contrário das promessas repetidas do primeiro-ministro, são agora precisos investimentos diferentes que resolvam os problemas estruturais do país como os ambientais, territoriais e despovoamento.

“Nesta campanha autárquica temos ouvido Rui Rio muito chateado porque se fala de fundos e ele não tem nada a dizer, mas temos ouvido o primeiro-ministro a prometer fazer investimentos – agora é que é — daqueles que já estavam prometidos há anos”, criticou Catarina Martins, em declarações aos jornalistas no final de um encontro com a associação “Baldios de Vila Nova”, em Miranda do Corvo, que gere uma área de aproximadamente mil hectares na Serra da Lousã.

Na perspetiva da líder do BE, aquilo de que Portugal precisa “verdadeiramente é de um compromisso que os investimentos que vão ser feitos são diferentes dos que foram feitos até agora” para que seja possível resolver “os problemas estruturais que o país tem”, sendo fundamentais as questões ambientais, as questões do equilíbrio do território e do povoamento.

“Estamos aqui com esse compromisso de que haja autarquias que têm uma palavra a dizer, que não se resignam à perda de população, à floresta abandonada e que podem olhar para exemplos solidários, exemplos ambientalmente responsáveis como o que hoje [esta sexta-feira] aqui visitámos e lutar para que sejam financiados para podermos ter um território mais seguro e termos emprego em todo o país”, comprometeu-se.

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Na ótica de Catarina Martins, as autarquias têm assistido, “de forma impávida e serena, à falta de financiamento a estes projetos que são fundamentais para a segurança do território”.

“Não vemos os autarcas falarem de fundos que são importantes, que são a diferença entre termos uma floresta mais segura ou não, entre termos emprego ou não no interior do país”, criticou.

Outro tema em relação ao qual a líder do BE ouve falar muito pouco é da Política Agrícola Comum.

“Eu lembro que o primeiro-ministro, António Costa, fala muito do Programa de Recuperação e Resiliência, mas ouve-se falar muito pouco da política agrícola comum e para terem uma noção, se o Programa de Recuperação e Resiliência são 16 mil milhões, a PAC são 10 mil milhões. Tem uma dimensão muito grande e um impacto muito grande no território”, sublinhou.

Críticas da dirigente bloquista foram ainda para o facto de o financiamento da Política Agrícola Comum estar “a ser desviado do desenvolvimento rural para pagar rendas a latifundiários” ou ainda para servir para “pagar contentores em Odemira ou até para pagar terrenos completamente improdutivos e parados”.

“Nas zonas centro do país, nas zonas onde houve os incêndios mais violentos do nosso país, onde a questão da floresta é mais importante, são precisamente as zonas que têm recebido menos apoios da Política Agrícola Comum. É preciso mudar a forma como se faz o investimento no território”, defendeu.

Para Catarina Martins, “é preciso apostar no desenvolvimento rural, numa floresta mais resiliente, numa agricultura que faça esse desenvolvimento e ter em atenção que os financiamentos a esta área devem ter em conta os postos de trabalho que são criados porque só assim é que se combate a desertificação”.