João Almeida foi apenas o terceiro português a ganhar uma etapa à Volta ao Luxemburgo. Primeiro foi Joaquim Agostinho em 1969, num contrarrelógio a contar para a quarta etapa no mesmo ano em que se estreou com uma oitava posição no Tour entre dois triunfos em tiradas. Depois foi Acácio da Silva em 1983 (viria mais tarde a vencer também um prólogo no ano de 1990), quando ganharam o Tour de Kaistenberg e de Limousin. Agora, o corredor de A-dos-Francos juntava o seu nome a uma restrita de lista a brilhar na competição, sendo que desde a primeira etapa que ficava a promessa de mais história para escrever.

Uma, duas, quatro: João Almeida continua a somar vitórias em 2021 e consegue amarela no arranque da Volta ao Luxemburgo

Apesar de ter sido uma vitória ao sprint na Cidade do Luxemburgo, houve aí um primeiro corte entre os aspirantes a terminar na frente da competição que se acentuou nas duas etapas seguintes: Marc Hirschi, com uma fuga bem conseguida nos dois últimos quilómetros da terceira e última passagem pela meta em  Esch-sur-Sûre, conseguiu ficar com a amarela na segunda tirada e tudo se manteve igual na terceira, que acabou com o triunfo de Sacha Modolo em Mamer. Da parte do português, e mesmo perdendo a liderança, as coisas estavam a correr bem: entre bonificações intermédias e na chegada conseguiu ficar a perder só quatro segundos para o helvético e no dia seguinte manteve essa mesma (pequena) distância.

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Agora, que venha o contrarrelógio decisivo: João Almeida perde amarela mas reforça favoritismo na Volta ao Luxemburgo

Chegava a hora do contrarrelógio, um percurso de 25,4 quilómetros em Dudelande na quarta e penúltima etapa da prova. Em condições normais, e depois de ter andado um dia de amarelo e outros dois de azul claro (a camisola da classificação dos pontos), João Almeida surgia com algum favoritismo para voltar a conquistar a liderança pela diferença que tinha neste contexto em relação a Marc Hirschi. Ainda assim, faltava essa pouco mais de meia hora para chegar ao objetivo com ou sem triunfo na etapa.

Hoje a azul, amanhã a amarela: João Almeida lidera nos pontos e mantém segundo lugar na Volta ao Luxemburgo

Com muitos portugueses a apoiar o corredor da Deceuninck Quick-Step, ou não estivesse no Luxemburgo, Almeida partiu numa fase em que o companheiro de equipa Mattia Cattaneo estava a fazer grandes tempos nos pontos intermédios (estando em 19.ª posição a 52 segundos do corredor de A-dos Francos) e que as atenções estavam centradas em Bauke Mollema, neerlandês que teve uma queda muito feia. No primeiro ponto intermédio de referência, que tinha o italiano como líder com 17.26, João Almeida passou com o segundo melhor tempo a oito segundos do companheiro transalpino e menos 19 segundos que Hirschi.

As contas jogavam a favor do português e da própria Deceuninck, que via como real o cenário de ter dois corredores entre os três a cinco primeiros até porque Thibaut Pinot, que estava com um surpreendente bom registo, teve algum problema na segunda parte do percurso como ficou visível na conversa acesa que teve com o carro da equipa. David de la Cruz, espanhol que ocupava o quinto lugar na geral, espreitava uma subida na classificação com um bom registo no contrarrelógio mas o foco estava centrado na luta entre Almeida e Hirschi, com o português a levar a melhor e a recuperar a camisola amarela, ficando na segunda posição desta quarta etapa a apenas dois segundos do companheiro de equipa Mattia Cattaneo.

A dupla da Deceuninck conseguiu criar um fosso confortável para os demais adversários, tendo Mattias Skjelmose Jensen em terceiro a 26 segundos de Cattaneo. David de la Cruz ficou em quarto a 35 segundos, Hirschi conseguiu uma boa parte final para a sexta posição a 49 segundos e Vincenzo Nibali terminou em décimo a 57 segundos, deixando de fora do top 10 a dupla Pinot-Gaudu da Groupama. Olhando para a classificação geral, João Almeida recuperou a amarela com 43 segundos de vantagem sobre o suíço quando falta uma etapa para o final da competição, na ligação entre Mersch e a Cidade do Luxemburgo (183,7km). Cattaneo subiu a terceiro a 50 segundos, à frente de David de la Cruz, a 52 segundos.