Terça-feira à noite, na conferência de imprensa que deu para anunciar o plano de inverno de combate à Covid-19, Boris Johnson fez um pedido à população: “Usem máscara em locais fechados e com muita gente”.

Os críticos caíram-lhe imediatamente em cima, ou não tivessem nessa mesma tarde sido divulgadas fotografias da reunião dessa manhã do governo, onde pelo menos 27 pessoas se apertavam à mesma mesa, cotovelos com cotovelos, nenhum deles com a cara coberta por qualquer equipamento pessoal de proteção.

Esta sexta-feira, três dias e uma remodelação governamental depois, os jornais britânicos estão a dar conta da primeira reunião do novo executivo e a única diferença, além dos rostos à mesa, é o número de lugares sentados: 30 em vez de 27, fora os restantes presentes, repórteres incluídos, em pé. As máscaras continuam a fazer parte do cenário, apesar da clara recomendação do governo para que sejam usadas, sobretudo em convívios ou encontros com pessoas de fora da habitual bolha social ou profissional.

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As fotografias das reuniões do governo espelham o que tem acontecido no parlamento britânico, desde que a obrigatoriedade de usar máscara caiu no Reino Unido, já tinha notado o Guardian na passada terça-feira: os deputados conservadores mantêm-se de face descoberta, enquanto os trabalhistas e restante oposição tendem a utilizar máscara. “Parece ser uma regra para eles e outra regra para todos os outros”, disse à imprensa um porta-voz do Partido Trabalhista, sobre a reunião do governo nesse dia.

Munira Wilson, porta-voz dos Democratas Liberais para a saúde, manteve-se na mesma linha: “A arrogância dos políticos conservadores que pensam que as regras não se lhes aplicam é simplesmente escandalosa. Ao longo desta pandemia, tem sido uma regra para eles e outra para todos os outros. Eles perderam o contacto com o público que, na realidade, leva a sério o uso de máscaras e compreende os riscos que se colocam aos outros quando a orientação médica é ignorada”.

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