Nove golos, jogadas coletivas fantásticas, gestos individuais só ao alcance dos melhores, muita emoção à mistura. A chamada de atenção a Mahrez e Grealish por não defenderem como deveria ser suposto, os elogios a Nkunku por marcar mais do que era suposto, a história da morte do pai de Nathan Aké apenas uns minutos depois do primeiro golo do filho na Champions que foi tudo menos o que seria suposto. Não faltaram histórias dentro e fora de campo depois daquele que foi o melhor encontro da primeira jornada da Liga dos Campeões, com um triunfo do Manchester City frente ao RB Leipzig por 6-3. No entanto, o que sobrou, e aquilo do qual ainda se fala, foi de uma declaração de Pep Guardiola sobre os adeptos.

“Gostava de que viessem mais pessoas no jogo de sábado. Vamos precisar dos adeptos no sábado [com o Southampton], por favor, porque vamos estar cansados. Convido todos os nossos adeptos a aparecerem no próximo sábado, às três da tarde, para verem o jogo”, disse o espanhol após a partida da Champions.

“Não há dúvida de que é o melhor treinador do mundo e talvez deva limitar-se a isso. Que ele questione o apoio e a lealdade à equipa é, francamente, dececionante. Devia estar calado e concentrado na equipa. Pep provavelmente ganha 351 mil euros por semana. Se agarrasse nesse dinheiro e comprasse bilhetes para as crianças, iria certamente encher o estádio. Isto se ele está tão preocupado com isso. Acham que as pessoas vão comprar bilhetes para sábado só por causa do que ele disse?”, respondeu de seguida ao técnico espanhol Kevin Parker, secretário e responsável do grupo de adeptos do Manchester City.

“Não vou pedir desculpa pelas minhas declarações, não é a primeira vez na carreira que digo algo semelhante porque também disse quando treinava o Barcelona e o Bayern. Quando se tem um jogo difícil, como foi o do RB Leipzig, sei que é complicado pedir a todos que venham ao estádio no sábado a seguir. O que quis dizer foi que precisamos de apoio. Não interessa quantas pessoas estão no estádio, mas convido-os a vir e a desfrutar do jogo porque precisamos de apoio. Estou muito grato pelo apoio que tivemos, estamos sempre gratos aos adeptos. Nunca vim aqui questionar os motivos que levam as pessoas a não vir ao estádio. E não vou pedir desculpa”, atirou Guardiola, dizendo que o que disse foi distorcido.

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A resposta, fosse pelo pedido de Guardiola, pelo horário a um sábado ou pelo preço dos bilhetes, foi dada pelos adeptos, que apareceram em massa num dia em que os rivais perderam argumentos para falar do estádio do City como Emptyhad [e não Etihad]. No entanto, não foi por isso que a equipa jogou melhor. Nem que marcou. E os dois únicos festejos vieram antes e depois de decisões do VAR, que anulou um penálti a favor do Soutahmpton mas assinalou nos descontos um fora de jogo num golo de Sterling.

Com meia equipa de campo alterada em relação ao encontro de quarta-feira, mantendo os três jogadores nacionais mas com troca de flancos (Cancelo foi para a lateral esquerda, tal como Bernardo Silva andou muitas vezes nessa ala) além das entradas de Kyle Walker, Fernandinho, Gündogan, Sterling e Gabriel Jesus, o Manchester City tomou conta do jogo de forma natural com aquelas posses estratosféricas acima de 80% mas sem a capacidade de criar oportunidades habitual, com apenas duas boas oportunidades que não foram concretizadas até ao intervalo que chegou sem golos e sem tantos motivos de interesse quanto isso, com mérito também para a organização defensiva da equipa de Ralph Hasenhüttl.

O segundo tempo seria em condições normais mais do mesmo, até com um reforço da postura ofensiva do City e de menor capacidade do Southampton para sair em transições, mas os 20 minutos iniciais mudaram essa ideia a ponto de terem sido os visitantes a beneficiarem de um possível lance de grande penalidade que foi depois anulado pelo VAR, naquela que foi a primeira grande festa dos adeptos citizens do encontro. Certo é que, após terem sofrido 14 golos entre as visitas a Manchester na época passada (nove do United, cinco do City), os saints conseguiam resistir e sem grandes calafrios à pressão que se adensou apenas nos minutos finais, quando Sterling chegou mesmo a marcar mas o VAR confirmou o fora de jogo.

Depois das goleadas por 5-0 ao Norwich e ao Arsenal neste arranque da Premier League, o Manchester City voltou a ficar em branco no Etihad em jogos do Campeonato, algo que não acontecia desde março quando o conjunto de Pep Guardiola perdeu no dérbi da cidade frente ao United que adiou o título.