A candidata do PAN à presidência da câmara de Lisboa, Manuela Gonzaga, defendeu este domingo mais apoios para as associações que tratam de animais abandonados, que estão a fazer trabalho “que deveria ser da autarquia”.

“Elas estão a fazer o trabalho que deveria ser da autarquia, estão a fazê-lo com muito amor, mas a autarquia devia cumprir pelo menos a parte pesada e económica que é preciso cumprir, porque tem meios. Não só tem meios como está também no seu caderno de encargos”, disse à Lusa a candidata nas eleições autárquicas de 26 de setembro, a meio de uma “cãominhada” organizada pelo partido no Parque das Nações, que juntou cerca de 50 pessoas (acompanhadas com cães), na sua maioria, membros e voluntários de associações zoófilas.

Manuela Gonzaga disse que faltam “apoios muito elementares” às associações e insistiu na criação do hospital veterinário municipal de Lisboa, que a Assembleia Municipal aprovou em 2018, por iniciativa do PAN, mas não foi ainda concretizado pela câmara, liderada pelo socialista Fernando Medina.

Um banco alimentar animal e “políticas de apoios à esterilização” de animais recolhidos por estas associações, mas também de colónias de gatos que vivem na cidade, são outras das medidas defendidas pelo Pessoas-Animais-Natureza (PAN).

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“Se a autarquia não pode fazer o trabalho que os cuidadores e as associações fazem, que pague aquilo que é da sua competência pagar, porque há dinheiro para esterilização de animais, há dinheiro para rações animais, há dinheiro para tratamentos e cuidados. A autarquia tem de o fazer”, defendeu Manuela Gonzaga.

A candidata do PAN afirmou que “a política de esterilização não foi fomentada” e lamentou a falta de “fiscalização” que permite “fábricas de cãezinhos para venda” em “vãos de escadas, em garagens, em sótãos” que são “negócios que até lojas no OLX têm”.

“Isso devia ser severamente reprimido porque não é assim que se criam animais”, disse Manuela Gonzaga, que afirmou que estão em causa cães que “são produto de cruzamentos consanguíneos muito repetidos” e são por isso “muito doentes”, sublinhando que “os criadores de cães têm de pagar bastantes impostos e têm a sua atividade regulamentada”.

Neste contexto, e falando no meio de dezenas de cães para adoção levados este domingo por diversas associações para esta iniciativa, defendeu também que devia haver uma “consciencialização” para a adoção de animais e que esse trabalho podia começar nas escolas.

“Há países onde já não há cães abandonados, sequer. Porque não só não podem multiplicá-los como querem, como a regulamentação é muito severa em relação à criação. E depois, as pessoas adotam”, afirmou.

Após quase uma hora de caminhada, em que o grupo não encontrou “um único bebedouro para animais” ou “um dispensador de sacos” para recolha de dejetos, Manuela Gonzaga lamentou que Lisboa não seja “uma cidade amiga dos cães”.

Estiveram nesta “cãominhada” organizada no âmbito da campanha eleitoral do PAN em Lisboa, a Liga Portuguesa dos Direitos do Animal, a União Zoófila e a Animais de Rua, associações que têm neste momento para adoção, no conjunto, perto de 700 cães e de 200 gatos, além de cuidarem de colónias de gatos que vivem nas cidades, segundo disseram à Lusa elementos das três organizações.

Além de Manuela Gonzaga, concorrem à Câmara de Lisboa, atualmente governada pelo PS, Fernando Medina (PS/Livre), Carlos Moedas (PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU — PCP/PEV), Beatriz Gomes Dias (BE), Bruno Horta Soares (IL), Tiago Matos Gomes (Volt Portugal), Nuno Graciano (Chega), João Patrocínio (Ergue-te), Bruno Fialho (PDR), Sofia Afonso Ferreira (Nós, Cidadãos!) e Ossanda Liber (movimento Somos Todos Lisboa).