Seis vitórias noutros tantos jogos, 19 golos marcados numa média superior a três por jogo, a partida 1.000 da carreira como técnico celebrada com um triunfo arrancado em período de descontos, a liderança da Serie A, a melhor entrada na Conference League. José Mourinho dificilmente poderia pedir mais nestes primeiros tempos em Roma mas nem por isso deixa de ser um treinador pragmático até quando goleia como aconteceu frente ao CSKA Sófia no Olímpico. “Satisfeito? Não, não jogámos bem”, atirou.
“Aqui e ali estivemos bem, como uma equipa forte que se começou a unir. Já falámos sobre isso e temos de ser ainda mais uma equipa quando as coisas se complicam. Não estou satisfeito com a nossa performance, de todo, não jogámos com qualidade. Há uns dias treinámos estas situações mas os laterais não deram tanto, não houve intensidade suficiente, perdemos demasiados duelos defensivos. Não posso dizer que tenhamos jogado mal mas também não jogámos bem. Temos mais qualidade do que o CSKA Sófia mas não fizemos o suficiente”, comentou o português, como que baixando a euforia por este arranque.
“Temos limitações, uma temporada é uma maratona e temos de ter calma. Seis vitórias não são 60, tal como sete não serão 70. Estamos a construir uma equipa. Quando o momento negro chegar, e certamente chegará, teremos de estar ainda mais unidos. Estou contente com o que estamos a construir mas é muito cedo. Somos a equipa que deve falar com o São Pedro para rezar para que não haja lesões. Temos limites para gerir porque o campeonato é uma maratona. A relação entre a equipa e os adeptos é excelente, mas devemos manter a calma. A derrota virá e devemos formar uma equipa”, reforçou a esse propósito.
Depois da euforia que o fez correr pela linha lateral após o triunfo com o Sassuolo com o 2-1 apontado por El Shaarawy, a goleada por 5-1 diante da formação búlgara levou a que Mourinho deixasse alguns recados para dentro e para fora. Números são números, naquele que é o segundo melhor início do treinador em duas décadas só superado pelos nove triunfos pelo Chelsea em 2005/06, mas a profundidade deste plantel dos romanos, o facto de ter pouco tempo de trabalho e a competitividade crescente da Serie A levavam a um discurso mais cauteloso antes da deslocação a Verona. Com razão? Sim. Aliás, parecia que estava a adivinhar que o perigo estava logo ali ao virar da esquina, perdendo pela primeira vez esta época.
Mourinho fez apenas duas mexidas em relação à equipa que tinha ganho ao Sassuolo, lançando uma nova ala esquerda com Calafiori no lugar do lesionado Viña e Shomurodov em vez de Mkhitaryan no apoio mais direto a Tammy Abraham, quase como um prémio para o internacional do Uzbequistão pela exibição com o CSKA Sófia mesmo não marcando. No entanto, o Verona teve uma entrada mais forte e com mais remates à baliza de Rui Patrício entre uma bola na trave de Cristante em mais um livre bem trabalhado com Pellegrini que por pouco não deu golo (16′). O encontro estava bom, vivo, dividido e jogado como possível perante a chuva que começou a cair de forma quase torrencial antes do momento da noite, com Pellegrini a desviar de calcanhar ao primeiro poste um cruzamento de Karsdorp para fazer o 1-0 (36′).
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Após o intervalo, acabou a chuva e acabou a Roma: com uma entrada em campo adormecida, o Verona foi conseguindo pressionar, ganhar cantos e criar mesmo a oportunidade para chegar ao empate, num lance em que Rui Patrício impediu o autogolo de Mancini após um desvio para a própria baliza antes de Barak surgir de rompante na área e fazer o empate (49′). O conjunto que estreava o antigo defesa Igor Tudor como treinador e que não tinha ainda pontuado na Serie A ganhava uma alma redobrada e abria ainda mais um jogo intenso que teve mesmo reviravolta com um grande golo de Caprari cinco minutos depois.
A Roma enfrentava pela primeira vez uma situação de desvantagem na Serie A, sofrendo pela primeira vez dois golos esta temporada e em menos de dez minutos no arranque da segunda parte, mas Pellegrini voltou a agarrar na batuta da melhor forma quando a equipa precisava, cruzando numa transição rápida para Tammy Abraham antes de Ivan Ilic desviar para a própria baliza (58′). Voltava tudo à estaca zero, com a claque do Verona a puxar pela equipa depois da boa reação após o intervalo e a claque da Roma a puxar pela equipa para conseguir nova reviravolta. O espectáculo estava bom dentro e fora de campo e melhor ficou quando Faraoni disparou uma bomba ao ângulo de fora da área para o 3-2 (63′), resultado que não mais voltaria a mexer apesar da intensa pressão dos romanos sobretudo no quarto de hora final quando o treinador português lançou em campo El Shaarawy, Mkhitaryan, Carles Pérez e Borja Mayoral.