O cabeça de lista da CDU à Câmara de Portalegre, Hugo Capote, alertou esta segunda-feira que as eleições autárquicas “não são um concurso de simpatia”, considerando que esse fator tem sido a “mais-valia” eleitoral da atual presidente do município.

“Eu acho que o exemplo do que nós já temos para trás é mais do que suficiente para as pessoas perceberem que as eleições não são um concurso de simpatia, são acima de tudo uma possibilidade de nós escolhermos as pessoas que achamos que são mais competentes para o exercício daquela função”, alertou.

Hugo Capote, que falava à agência Lusa à margem de uma ação de campanha na Rua do Comércio, fez ainda questão de sublinhar que o termo “competência”, nestas eleições, tem de ser o termo que “define o voto”, em vez daqueles que apresentam “umas caras mais delicadas e mais doces”.

Na opinião do candidato da coligação PCP/PEV, que no atual executivo municipal conta com um vereador eleito, a presidente do município e candidata a um terceiro mandato, Adelaide Teixeira, eleita pelo movimento Candidatura Livre e Independente por Portalegre (CLIP), utiliza a sua simpatia como uma “mais-valia” para capitalizar votos.

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“A mais-valia eleitoral, claramente, da doutora Adelaide Teixeira não é a sua competência política, não é a sua gestão do município, não é a sua capacidade de atração de investimentos nem nada que se pareça, é claramente a sua simpatia, a sua empatia”, disse.

“Se a doutora Adelaide estivesse tão disponível para reuniões com o primeiro-ministro, para reuniões com comissários europeus, para reuniões com quem decide verdadeiramente o investimento como está disponível para batizados, funerais e casamentos, com certeza que o concelho não estava como está”, criticou.

O candidato, que diz que a sua “mensagem de mudança” em Portalegre “está a passar”, reconhece, no entanto, que a CDU tem “dificuldade” em capitalizar mais votos devido a um preconceito ainda existente.

“Nós sabemos que a CDU historicamente tem dificuldade no concelho de Portalegre, achamos que isso se deve claramente a um preconceito ideológico. As pessoas têm uma noção de que o PCP e que o PEV, numa coligação, não ganham as eleições, mas também eu digo, sinceramente, que acho que as eleições autárquicas são cada vez mais uma eleição de pessoas”, defendeu.

Hugo Capote revelou ainda que ao longo da campanha tem escutado “várias queixas” relacionadas com a “falta de população” que possa despender do seu dinheiro no comércio local, centrando-se as queixas das empresas na “falta de acessibilidades” e na “falta de mão de obra”, principalmente qualificada.

“E, depois, uma outra [queixa], que é transversal a todas estas queixas, é a incapacidade democrática da câmara, a incapacidade de ouvir, de descentralizar, de funcionar autonomamente. O que toda a gente nos diz, e isto é transversal, é que não vale a pena falar com um chefe de divisão ou um vereador porque tudo tem de ir à senhora presidente”, lamentou.

Além dos candidatos da CDU e da CLIP, a corrida eleitoral em Portalegre conta com as candidaturas de Fermelinda Carvalho (PSD/CDS-PP), Luís Moreira Testa (PS), Luís Lupi (Chega) e António Ricardo (BE).