A candidata do Bloco de Esquerda (BE) à Câmara de Castelo Branco, Margarida Paredes, defendeu esta terça-feira o recurso a pequenas captações de água como solução para o abastecimento, ao invés das barragens, um modelo que diz estar “esgotado”.

“A criação de mais albufeiras e barragens é um modelo de gestão da água esgotado que cria mais problemas ambientais do que vantagens, nomeadamente provoca a erosão das margens dos rios, possibilita o risco de cheias, poluição e aquecimento das águas, assim como alterações climáticas”, afirmou à agência Lusa, a cabeça de lista do BE.

Margarida Paredes sublinha que o BE, defende soluções de abastecimento caras às organizações ambientalistas e a parte da comunidade científica, designadamente, “o modelo ‘small is beautiful’ que passa por múltiplas e pequenas captações de água que não interferem com o ambiente e que garantem as reservas da água necessárias ao consumo e à agricultura”.

“Por todas estas razões, o Bloco opõe-se à construção da barragem no rio Ocreza, afluente do Tejo, ou qualquer outra barragem”, vincou.

A candidata do BE deixou bem claro que a sua posição é contrária à defendida por alguns candidatos de outros partidos e movimentos, que continuam a defender a construção de mais barragens no concelho de Castelo Branco com o objetivo de garantir a qualidade e quantidade de água no município.

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“Os albicastrenses ainda têm memória de um passado relativamente recente, quando faltava a água nas torneiras e recusam passar por isso de novo. Porém, o Bloco de Esquerda opõe-se a esta política “barragista” e, em sentido contrário, defende uma opção ambientalista”, sustentou.

Além disso, Margarida Paredes realça que a construção de barragens também potencia o alagamento de terras férteis e de áreas humanizadas com valor histórico e social bem como o deslocamento de aldeias e populações.

“A pergunta que importa fazer, é a quem interessa construir mais barragens? Interessa às empresas elétricas, às grandes construtoras e à banca. Interessa também às empresas de agricultura intensiva e de regadio que consomem dois terços da água de uma albufeira e cujos produtos agrícolas se destinam ao negócio de exportação”, frisou.

Adiantou ainda que, definitivamente, esse tipo de politica “não interessa aos munícipes” que “vão pagar as barragens nas faturas da eletricidade, durante dezenas e dezenas de anos”.

A candidata deixou também um alerta para aquilo que considera ser “o atentado ambiental que o projeto de regadio da Gardunha Sul configura na Albufeira de Santa Águeda”, cuja reserva de água “é destinada ao consumo de Castelo Branco e não à agricultura intensiva”.

Defende ainda a revisão da Convenção de Albufeira, que rege o Aproveitamento Sustentável das Águas das Bacias Hidrográficas Luso-Espanholas.

Na corrida à presidência da autarquia estão Leopoldo Rodrigues (PS), João Belém (PSD/CDS/PPM), Rui Paulo Sousa (Chega), Luís Correia (MI — Sempre — Movimento Independente), Rui Amaro Alves (MPT — Partido da Terra), Felicidade Alves (CDU) e Margarida Paredes (BE).