O candidato da CDU à presidência da Câmara de Aveiro, Miguel Viegas, ouviu esta segunda-feira críticas à construção do parque de estacionamento subterrâneo no Rossio, além de queixas de insegurança e falta de policiamento no bairro da Beira-Mar.

O cabeça de lista da coligação que junta o PCP e Os Verdes, acompanhado do candidato à União das Freguesias de Glória e Vera-Cruz, Emídio Abrantes, caminhou esta tarde pelas ruas daquele bairro típico de Aveiro, onde se deu a conhecer aos moradores e lojistas, e ouviu queixas sobre a obra de requalificação do Rossio, que foi adjudicada por 12,4 milhões de euros.

“Para mim aquilo é um mamarracho. Não sou a favor da construção do parque de estacionamento, porque acho que o custo-benefício não vai compensar o tempo de obra que vai demorar”, disse Filipe Santana, dono de um estabelecimento de restauração, lembrando que existem três parques de estacionamento nas proximidades e “nenhum deles está cheio“.

Mais à frente, sentado num banco público a apanhar os últimos raios de sol do dia, Carlos Guimarães, também se manifestou contra a obra, que tem sido contestado por algumas associações, grupos informais de cidadãos e partidos políticos. “O que eu queria era que não mexessem no Rossio. Vão estragar isso tudo“, vincou.

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Sentado no mesmo banco, o amigo João Gamelas alertou para os problemas que poderão surgir durante a obra: “Aquela zona é só lama por baixo. Há muitos anos aquilo era uma marinha, que foi aterrada e, ao mexerem naquilo, até pode afetar os prédios que estão ali à volta”.

Em declarações à Lusa, Miguel Viegas explicou que a proposta da CDU passa por “não fazer o parque de estacionamento, nem as infraestruturas que estão previstas e que estão associadas ao parque subterrâneo, nomeadamente a ponte que vai existir entre a eclusa e a A25”.

“Isto vai exatamente ao contrário daquilo que nos dizem as evidências científicas, que apontam para a necessidade de reduzir o trânsito automóvel. Portanto, este parque não pode existir”, explicou.

Em contrapartida, o cabeça de lista da CDU defendeu uma “requalificação total” da Beira-Mar, devolvendo o centro da cidade ao peão, com a implementação de “medidas radicais” para disciplinar o estacionamento, permitindo o acesso automóvel apenas aos residentes e empresários.

Miguel Viegas considerou que ainda é possível suspender a obra, uma vez que a empreitada “praticamente não começou”, reconhecendo, contudo, que será necessário chegar a acordo com o empreiteiro.

“O tempo das hesitações e das dúvidas acabou. Agora, é o tempo da ação. É inconcebível que se construa uma obra dessas numa lógica que já pertence ao passado ancorada no domínio do trânsito automóvel e temos que, mal ou bem, virar essa página e partir para outras soluções de mobilidade que sejam consentâneas com essa transição climática que estamos a adiar”, afirmou.

Por outro lado, o candidato defendeu a criação de um regulamento para o alojamento local, afirmando estar preocupado com um “processo de gentrificação”.

“Nada temos contra o alojamento local – antes pelo contrário – mas deveria haver uma reorientação de parte destes fogos para o aluguer de média e longa duração para que haja um regresso dos moradores ao centro da cidade”, explicou.

Na corrida à presidência da Câmara de Aveiro estão o atual presidente Ribau Esteves (PSD/CDS-PP/PPM), Manuel Oliveira de Sousa (PS/PAN), Nelson Peralta (BE), Miguel Viegas (CDU), Cândido Oliveira (Chega), Miguel Gomes (Iniciativa Liberal), Paulo Alves (Nós, Cidadãos!) e João Pinto (PCTP/MRPP).