Depois de segunda-feira terem sido identificados oito portugueses nos municípios em risco ao redor do vulcão Cumbre Vieja, esta terça-feira foram localizados mais dois cidadãos nacionais, residentes naquela zona da ilha de La Palma, nas Canárias, que não estariam registados nos serviços consulares locais — e é expectável que esse número possa vir ainda a aumentar, disse ao Observador fonte do gabinete da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.

Até agora, todos os portugueses identificados estão bem e não precisaram de ser retirados das casas onde vivem, praticamente todos em zonas rurais dos três municípios mais afetados pela erupção do vulcão, El Paso, Los Llanos de Aridane e Tazacorte. Em cima da mesa, caso a situação se complique, continua a possibilidade de serem retirados da ilha pelo governo português.

Esta terça-feira, Jorge Miranda, um engenheiro civil a trabalhar em Santa Cruz de La Palma, capital da ilha, disse à SIC que ainda não tinha sido contactado pela embaixada de Portugal em Madrid — que, sabe o Observador, ainda não deu como terminada a contagem de cidadãos nacionais naquela ilha.

Quando falou com aquele canal, Jorge Miranda explicou como tinha, minutos antes, feito a viagem entre a Santa Cruz e Los Llanos de Aridane, a segunda cidade da ilha, “de uma forma perfeitamente tranquila e sem nenhum tipo de problema”. Através de videochamada, o engenheiro civil mostrou ainda aquilo que via na altura — o fumo que saía da quarta boca eruptiva do vulcão, aberta esta terça-feira junto à cidade de Tacande, mas não chamas nem lava — e garantiu sentir-se “totalmente seguro”.

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Ao telefone com o Observador, Marlan Gómez, funcionária de uma bomba de gasolina em Tazacorte, um dos municípios nas imediações do Cumbre Vieja, mostra-se bem menos tranquila, diz que está a tremer, como o vulcão, e que só espera que a lava deixe depressa de correr pela montanha.

Ao todo, cerca de 6 mil pessoas já foram retiradas das suas casas nas zonas de maior risco, mas em Tazacorte a maior parte das lojas, restaurantes e gasolineiras mantêm-se a funcionar. “Conheço pessoas que perderam as casas, ficaram sem nada. O meu pai tem uma quinta, estamos à espera que a lava chegue lá”, diz a canarina, que não era nascida na anterior erupção do Cumbre Vieja, em 1971, mas ouviu o pai falar sobre o assunto. “Ele tinha 9 ou 10 anos, foram todos ver o vulcão, mas não foi nada como agora, agora é uma tragédia.”

Entre os dez portugueses já identificados, apurou o Observador, há dois casais com filhos menores; um outro casal sem filhos, composto por um cidadão português e a companheira estrangeira; e uma família de avô, pai e neto de emigrantes portugueses na Venezuela, que entretanto se instalaram naquela ilha das Canárias.