O primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau foi reeleito esta segunda-feira, mas, tal como em 2019, com um governo minoritário. A ideia do primeiro-ministro de antecipar as eleições em dois anos para reforçar a posição do governo não resultou como esperado.

Vocês estão a mandar-nos de volta ao trabalho com um mandato claro para fazer com que o Canadá atravesse esta pandemia e enfrente dias melhores”, disse Trudeau no discurso de vitória, mas os analistas referem que o objetivo do primeiro-ministro falhou.

Justin Trudeau, de 49 anos, é o primeiro-ministro do Canadá desde 2015, quando conseguiu um governo de maioria. Agora, esperava aproveitar a gestão da pandemia e o apoio dado a nível individual e às empresas para conseguir melhores resultados, mas tudo o que angariou foi o mesmo governo minoritário e uma população enfurecida devido à campanha eleitoral em plena pandemia, noticiou a Reuters.

De “azul forte” a “vermelho por dentro”. Quem é Erin O’Toole, o homem que fez Trudeau tremer?

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O partido Conservador atraiu o voto popular, mas o partido Liberal ganhou nas áreas urbanas e suburbanas que conferem mais lugares no parlamento. Erin O’Toole, líder dos conservadores e principal opositor de Trudeau, reconheceu a derrota.

De acordo com a atual contagem, os liberais conseguiram 156 lugares na Casa dos Comuns, menos um do que em 2019, e menos 14 do que seria necessário para uma maioria. Os conservadores elegeram o mesmo número de deputados que em 2019 (121), o partido de esquerda Novos Democratas (NPD) ficaram com 27 (mais três do que há dois anos), o Bloc Québécois ficou com os mesmos 32 e os Verdes desceram para dois lugares, segundo a agência AP. Falta, no entanto, contar os votos enviados por correio.

Os resultados, em tudo semelhantes aos de 2019, reforçam a ideia de que estas eleições foram desnecessárias: o Canadá vivia a quarta vaga da pandemia de Covid-19, Justin Trudeau tinha ainda dois anos de mandato e a liderança não estava ameaçada, reforçou a CBC News.

O governo de Trudeau terá, assim, de continuar a depender da negociação com outros partidos para conseguir levar avante as iniciativas legislativas.

Deputado luso-canadiano faz nova minoria soar a vitória

O luso-canadiano Peter Fonseca, reeleito deputado federal canadiano, disse, esta terça-feira, à agência Lusa que esta foi uma “vitória da luta contra a pandemia”.

O liberal de 54a nos foi reeleito esta segunda-feira para um terceiro mandato pelo distrito eleitoral de Mississauga East — Cooksville, na área metropolitana de Toronto, com 49% dos votos (21.338 votos) quando faltavam ainda apurar duas mesas de voto.

O deputado luso-canadiano enalteceu o facto de esta minoria parlamentar permitir “dar continuidade aos projetos deste Governo”.

Os canadianos enviaram-nos esta mensagem ao votarem. Agora há que dar continuidade à luta contra a pandemia, da melhor forma possível, para abrirmos novamente a nossa economia, melhores condições de saúde e esperança de um melhor futuro”, justificou.

O antigo atleta olímpico salientou ainda a diferença em relação às eleições de 2019, antes da pandemia, dizendo que esta (nova) minoria vai dar um novo mandato ao governo para ultrapassar todas as vicissitudes causadas pelo vírus.

Natural de Alcanena (distrito de Santarém), Peterá no Canadá desde 1969. Antes de ser eleito por este círculo eleitoral (2015-2021), também representou a região no parlamento provincial do Ontário, entre 2003 e 2011.

Na província francófona do Quebeque, Alexandra Mendes, de 58 anos, também conseguiu a reeleição no distrito eleitoral de Brossard-Saint-Lambert. A antiga vice-presidente do parlamento federal canadiano foi eleita com 53% dos votos, ou seja, 25.866 votos, quando faltavam ainda contar 10 mesas de voto.

No maior distrito eleitoral com portugueses no Canadá, Davenport, ainda não tinha sido possível apurar um vencedor, com a liberal Julie Dzerowicz e a Nova Democrata Alejandra Bravo, separadas pela margem mínima, quando ainda faltavam apurar mais de vinte mesas de voto.

Atualizado com os resultados dos deputados luso-descendentes.