A adesão à greve nas empresas rodoviárias privadas foi esta segunda-feira na ordem dos 10%, segundo os transportadores, mas superior a 50% na maior parte dos casos, indicam os sindicatos.

Os trabalhadores das empresas rodoviárias privadas (cerca de uma centena de empresas) estão esta segunda-feira em greve, com outra paralisação já marcada para 01 de outubro, em protesto por melhores salários.

Os números da adesão diferem entre sindicatos e empresas, com a Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros a garantir à Lusa que globalmente foi de 10%, com maior expressão no entanto na Área Metropolitana de Lisboa (AML).

Já a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) tem outra leitura. Em declarações à Agência Lusa o coordenador da estrutura, José Manuel Oliveira, disse não ser possível ter números globais, porque se trata de muitas empresas e algumas de pequena dimensão, mas afiançou que de Santarém para norte as adesões oscilaram entre os 50 e os 75%, no Algarve entre 50 a 60% e na região da AML rondou os 80%.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Luís Cabaço Martins, presidente da associação de transportadores (Antrop) disse também à Lusa não entender os valores dos sindicatos.

“Há sempre divergências nos números, mas não percebo os números avançados pelos sindicatos” mas a realidade é esta (10% global, 12% só em relação a motoristas) e “o que me preocupa é deixar de prestar um serviço à população, o que parece não preocupar os sindicatos”, disse.

O responsável salientou que as empresas apresentaram uma proposta de aumentos acima da inflação mas que não podem pagar um aumento, pedido pelos sindicatos, de 07%, um valor que até é “ofensivo para a generalidade da população”, tendo em conta a situação das empresas e do país.

Luís Cabaço Martins admitiu que na AML houve adesões à greve superiores ao resto do país, mas que mesmo assim não ultrapassaram os 50%, e disse que noutros locais e empresas a adesão foi “zero por cento”.

Lembrando que já esta marcada outra greve Luís Cabaço Martins reafirmou a disponibilidade de negociação, desde que de forma razoável, porque “ser sindicalista não implica que se peçam coisas impossíveis”. “Estamos disponíveis, os sindicatos sabem onde estamos”, frisou.

José Manuel Oliveira disse que foi a Antrop que recusou fazer negociações com os promotores da greve. “Não sabemos se mudou de opinião”, disse, acrescentando que o sindicato não foi contactado.

A verdade é que, disse, com os atuais salários no próximo ano os trabalhadores do setor estarão com um salário que será à volta do salário mínimo, uma situação que, salientou, tem de ser invertida.

De acordo com um comunicado publicado pela Federação no dia 13 de setembro, as reivindicações dos trabalhadores incluem “o aumento imediato do salário base do motorista para 750 euros” e uma atualização na mesma percentagem para “o salário dos demais trabalhadores”.

Além disso, os trabalhadores exigem uma “atualização do subsídio de refeição nos mesmos termos percentuais do aumento do salário do motorista” e “que se proceda à redução do intervalo de descanso para o máximo de duas horas (nas empresas onde o intervalo é maior)”.