Onze homens acusados de sequestro e violação de uma adolescente marroquina foram condenados a 20 anos de prisão. Khadija Okkarou, na altura com 17 anos, partilhou um vídeo online a relatar o abuso que sofreu — uma decisão rara num país conservador como Marrocos.

Marrocos. Como as tatuagens de uma jovem de 17 anos contam o seu sequestro e violação

No vídeo, a jovem disse que foi mantida em cativeiro durante cerca de dois meses na cidade de Oulad Ayad, na província marroquina central de Beni Mellal, onde foi violada por um “gangue perigoso”, queimada com cigarros e tatuada — com suásticas e figuras obscenas —nos braços, pernas, pescoço e costas, escreveu a Al Jazeera.

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O advogado de Okkarou, Ibrahim Hachane, disse à AFP que o tribunal considerou os acusados culpados de violação, rapto e confinamento forçado. Hachane acrescentou que os acusados também foram multados em 200.000 dirhams (cerca de 19.000 euros).

Mas, para o advogado, as penas não pareceram “duras”, já que uma acusação por tráfico pode ser punida com até 30 anos de prisão — e já garantiu que vai recorrer da decisão.

“A vítima ainda está em tratamento e tudo aquilo por que passou vai ficar com ela para o resto da vida”, disse o advogado de acordo com a Agence France-Presse.

Em 2018 entrou em vigor em Marrocos uma lei de combate aos abusos que deu pela primeira vez às mulheres proteção legal contra “atos considerados formas de assédio, agressão, exploração sexual ou maus tratos”. Mas, como alerta a Associação pelos Direitos Humanos de Marrocos, as vítimas continuam a ser vistas muitas vezes como culpadas pelos crimes.