Cerca de 150 pessoas juntaram-se esta sexta-feira em Lisboa num protesto contra o fascismo e deixaram um apelo para que, no domingo, os portugueses votem nas eleições autárquicas de forma informada.

“Fascismo nunca mais, 25 de abril sempre!”. A frase foi esta sexta-feira entoada por mais de uma centena de pessoas que se concentraram no Largo do Intendente, em Lisboa, numa reação à presença de Santiago Abascal, presidente do Vox, em Portugal.

O líder do partido espanhol de extrema-direita está esta sexta-feira em Lisboa, convidado pelo presidente do Chega, André Ventura, e a Rede Unitária Antifascista (RUA) quis assinalar o encontro erguendo-se contra o que considera ser a reafirmação do fascismo na Europa.

“Esta concentração veio como resposta a uma reorganização da extrema-direita internacional que pretende usar Portugal como um palco para discutir e implantar o seu modelo reacionário na sociedade”, explicou à Lusa Bruno Sousa, membro da organização.

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No entender de Bruno Sousa, só os anos separam a proposta destes políticos e de outros movimentos e partidos de extrema-direita na Europa dos movimentos nazis e fascistas da década de 1930.

“É uma ameaça às pessoas LGBT, às mulheres, e isso já está a acontecer na Polónia e na Hungria”, afirmou, considerando que o encontro entre Ventura e Abascal é “mais um pólo disso mesmo, desta vez na Península Ibérica”.

Entre as vozes do protesto, ouvia-se a de Mourana Monteiro, que quis estar presente no Intendente para manifestar a sua preocupação com a ascensão da extrema-direita, partilhando muitas das visões de Bruno.

“Quando ouvimos um partido com assento na Assembleia da República, a concorrer a várias autarquias, que quer retroceder naquilo que foram conquistas na Saúde e na Educação públicas, nós, povo, não podemos ficar quietos”, defendeu.

No domingo, o Chega volta a ir a eleições, desta vez para as autarquias locais. No último dia de campanha, os manifestantes quiseram também deixar um apelo aos eleitores.

“Percebo que as coisas estejam difíceis e que uma solução que se aparenta como nova pode ser ideal. Mas, tenhamos cautela e votemos de forma informada”, afirmou Mourana Monteiro.

André Ventura também convidou para o encerramento da campanha autárquica do Chega Eduardo Bolsonaro, mas o filho do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e deputado federal cancelou a viagem a Portugal depois de ter testado positivo à covid-19.

Ainda assim, na concentração em Lisboa, alguns protestantes sublinharam a aparente união entre ambos.

Victor Hanstenreiter, brasileiro a viver em Portugal, foi um deles e aproveitou a experiência do Brasil sob a presidência de Bolsonaro para deixar um alerta aos portugueses.

“O Brasil está a pagar um preço muito alto por esses tipos de mensagens, de nacionalismos falsos”, começou por dizer, defendendo que “sempre que pudermos, independentemente da nacionalidade, devemos dizer não ao fascismo”.