É um passo relativamente natural na trajetória da francesa Kering. Quatro anos depois de a Gucci ter deixado de usar peles nas suas coleções, o grupo francês anuncia que o recurso a este material será banido em todas as marcas sob a sua alçada, tendência que aliás outros nomes sonantes estavam já a trilhar nos últimos tempos.

No âmbito de uma estratégia mais alargada de posicionamento deste gigante do luxo no xadrez da indústria sustentável, as etiquetas mais sonantes da casa, como Balenciaga, Bottega Veneta, Alexander McQueen foram progressivamente dando este passo, com este a estender-se agora de forma oficial a todos os ramos da Kering, atingindo Brioni e Saint Laurent, as até aqui resistentes neste campeonato. A decisão é válida para as coleções do próximo outono de 2022, tradicionalmente apresentadas ao público na primavera anterior.



A pele é “simbólica, é um material que sempre foi muito associado historicamente à indústria do luxo”, disse o CEO do grupo, François-Henri Pinault, citado pela BoF. “Ao abandonarmos o uso das peles damos um bom sinal de que levamos as coisas a sério no caminho da sustentabilidade nesta indústria”. Ainda segundo o timoneiro, ética e responsabilidade social são hoje decisivos na reformulação das grandes e modernas marcas, num mundo que mudou, tal como mudaram as exigências dos seus clientes. “Por este ponto de vista, alguns materiais não têm lugar no luxo“.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A decisão da Kering inscreve-se numa tendência crescente entre os principais protagonistas deste segmento, e surge na sequência de renovadas e recentes pressões da organização PETA, que em março deste ano se manifestou em frente à loja da Saint Laurent na Avenue Montaigne, em Paris, reagindo ao anúncio que mostrava a top model Kate Moss com um casaco de peles da marca.

Os ecos da pressão sobre os principais impérios da moda chegam até das passadeiras vermelhas. No começo deste mês, para a famosa Met Gala, a cantora Billie Eilish selou um acordo com a americana Oscar de la Renta: desfilaria com uma das criações da casa se esta aceitasse tornar-se fur free.

Em maio de 2019, a italiana Prada anunciava que as peles seriam excluídas a partir de fevereiro de 2020. Seguindo os passos de Prada, Armani ou Versage, também a Valentino comunicou já este ano a sua intenção de abandonar o recurso àquele material já a partir de 2022.