O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, defendeu “hoje, mais do que nunca”, o diálogo na Catalunha, apesar das consequências que possa ter a detenção do ex-presidente catalão Carles Puigdemont.

“Hoje mais do que nunca é importante reivindicar o diálogo, porque o diálogo é a única forma de se poder reencontrar”, disse Sánchez numa conferência de imprensa na ilha de La Palma, onde se referiu à detenção de Puigdemont na noite de quinta-feira, quando chegou à Sardenha (Itália).

Centenas de pessoas protestam em Barcelona contra a prisão de Carles Puigdemont em Itália

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Duas semanas após o seu encontro com o presidente da Generalitat (governo regional da Catalunha), Pere Aragonés, e do recomeço das conversações entre os dois governos para resolver o diferendo com a Catalunha – que continua a ter uma maioria independentista -, Sánchez reafirmou que a negociação é a forma de resolver o conflito político.

Na sua opinião, “o diálogo é ainda mais necessário hoje em dia”: “foi há dez anos, foi em 2017, é hoje e será no futuro”, acrescentou o chefe do executivo espanhol. Para Sánchez, “o que é claro é que o que Puigdemont tem de fazer é entregar-se e submeter-se à justiça”.

O primeiro-ministro espanhol recordou que o líder independentista, que agora é membro do Parlamento Europeu, fugiu de Espanha em outubro de 2017 e que, desde que se encontra como chefe do executivo, “manteve sempre a mesma posição”.

A declaração de Sánchez segue-se àquela feita esta madrugada pelo seu gabinete, na qual se sublinha que o antigo presidente da Generalitat “deve submeter-se à justiça exatamente como qualquer outro cidadão”.

A detenção responde ao mandado de captura internacional emitido pelo Supremo Tribunal espanhol, que processou Puidgemont pelos crimes de rebelião e desvio de fundos, entre outros, pelo seu papel na organização do referendo ilegal na Catalunha a 01 de outubro de 2017.

Em fuga desde 2017 devido ao seu papel na tentativa falhada de independência da região espanhola da Catalunha, Carles Puigdemont continua a ser procurado pelo sistema judicial espanhol, que o acusa de “sedição” e “apropriação indevida de fundos públicos”.

Carles Puigdemont, 58 anos, foi preso na noite de quinta-feira à sua chegada a Alghero, uma cidade da Sardenha que culturalmente está próximo da Catalunha, onde deveria participar num festival cultural e encontrar-se com representantes eleitos da ilha italiana.

O líder independentista já tinha sido preso na Alemanha em março de 2018, a pedido de Espanha, mas foi libertado alguns dias depois de os tribunais alemães terem retirado a acusação de “rebelião” contra ele, que desde então foi reclassificada como “sedição”.

Membro do Parlamento Europeu desde 2019, o ativista pró-independência recebeu, durante algum tempo, a imunidade parlamentar, mas o Parlamento Europeu levantou-a a 09 de março último, por uma grande maioria, medida que foi confirmada a 30 de julho pelo Tribunal da União Europeia.

Alguns observadores receiam que esta detenção de Carles Puigdemont aumente o risco de uma nova crise entre Madrid e o movimento independentista na região autónoma, numa altura de relativo desanuviamento entre as duas partes.