O artista Julião Sarmento (1948-2021) vai ser homenageado por artistas, curadores e historiadores num congresso internacional, entre 04 e 06 de novembro, em Lisboa, que terá por título “Na escalada do desejo”, revelou à agência Lusa a organização.

O desaparecimento de Julião Sarmento foi um choque para todos, e tendo em conta o impacto da sua figura como artista no meio nacional e internacional, achámos que fazia todo o sentido lançar um congresso no dia do aniversário dele e nos seguintes”, justificou a diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) – Museu do Chiado, Emília Ferreira.

A iniciativa é do MNAC em conjunto com a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, onde irá decorrer, presencialmente, com oradores portugueses e estrangeiros, como Pedro Lapa, Delfim Sardo, Benjamin Weil, Raquel Henriques da Silva, Alexandre Melo, Cristina Guerra, João Pinharanda e Nuno Crespo.

Este congresso sobre Julião Sarmento – que faria 73 anos em 04 de novembro -, “o mais internacional dos artistas portugueses” e que “morreu cedo demais”, sublinhou Emília Ferreira, “é um pretexto para reunir especialistas nacionais e internacionais sobre a sua obra, e fazer-lhe a devida homenagem”.

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Autor de uma obra multifacetada, Sarmento, nascido em 1948, em Lisboa, representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 1997 e foi alvo de uma exposição pela Tate Modern, em Londres, em 2011.

No ano seguinte, o Museu de Serralves, no Porto, organizou a mais completa retrospetiva até hoje realizada do seu trabalho, reconhecido com a atribuição do Prémio da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA).

No seu trabalho, combinava vários suportes, desde a pintura, a fotografia, o desenho, o vídeo, o som e a performance.

“É um artista já muito estudado, cuja obra teve ecos teóricos um pouco por todo o mundo, mas não podíamos deixar passar este momento”, vincou a diretora do MNAC, comentando ainda: “Se calhar é uma reação emotiva, mas, na verdade, é um artista central que merece muito este enfoque”.

O encontro internacional – que também contará com a presença, entre outros, de Clara Ferreira Alves, Ana Anacleto, Bernardo Pinto de Almeida, Helena Vasconcelos e Filipa Oliveira – vai abrir uma ”open call” de propostas de investigadores e autores que possam apresentar painéis sobre vários temas ligados à obra de Sarmento.

Embora o artista seja já muito estudado, a historiadora de arte considera “importante trazer ao debate parte dos estudos feitos e potenciar outros, porque os congressos também servem para isso, para serem espaço de debate teórico, confronto crítico e apresentar propostas”.

A diretora do MNAC revelou ainda à Lusa que, em conjunto com os mesmos parceiros, este será o primeiro de uma série de congressos anuais dedicados a figuras da arte portuguesa contemporânea, e Nikias Skapinakis (1931-2020) já foi escolhido para a próxima homenagem, em 2022.

“A ideia é mesmo fazê-los anualmente, com a parceria absolutamente relevante da Faculdade de Belas Artes e dos nossos centros de investigação, sobre nomes centrais das nossas artes”, salientou a diretora, referindo-se ao Centro de Estudos e de Investigação em Belas Artes (CIEBA), ao Instituto de História de Arte (IHA) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e ao Centro Interdisciplinar de Estudos de Género (CIEG), do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa (ISCSP-ULisboa).

O Congresso Internacional “Na escalada do desejo. Julião Sarmento (1948-2021)” tem, na comissão organizadora, Bruno Marques, Emília Ferreira, Hilda Frias e Joana d’Oliva Monteiro, contando com a colaboração de outros investigadores na comissão científica.