O discurso de vitória de José Manuel Silva começou com uma falha técnica, com o microfone a teimar em não ligar, mas, entre risos, o candidato da coligação Juntos Somos Coimbra brincava com o facto de agora ter um poder executivo: “Já tenho de ser eu a começar a arranjar estas pequenas coisas”.

A coligação de sete forças partidárias esteve a acompanhar a divulgação dos resultados no Hotel Dona Inês, na Avenida Fernão de Magalhães, bem perto do Rio Mondego. Mas apesar de José Manuel Silva ter esperado até à 1h (quando quase todas as freguesias estavam apuradas) para discursar, às nove da noite o Juntos Somos Coimbra já falava numa derrota muito clara do PS. Na primeira reação às projeções o diretor de campanha da coligação, António Maló de Abreu, atirava com certezas: “Podemos dizer que ganhámos estas eleições com uma maioria absoluta”.

Voltando ao discurso de vitória, o candidato da coligação Juntos Somos Coimbra — que conta com PSD, CDS-PP, Nós, Cidadãos!, PPM, Volt, RIR e Aliança — começou por dar os parabéns à cidade e remeteu para um início de um “novo ciclo de crescimento e desenvolvimento sustentável”.

Depois de ser recebido com palmas, confettis e gritos por Coimbra, José Manuel Silva dirigiu-se a caras sorridentes (que já antes da chegada do cabeça-de-lista celebravam de copo na mão) para afirmar que a vitória não era só da coligação “não é só a nossa, é a vitória de Coimbra, porque a cidade vai recolocar-se no patamar que merece, onde já esteve e onde tem todas as condições para voltar a estar”.

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José Manuel Silva considerou que desde o início a coligação marcou o panorama nacional por “mostrar que era possível o impossível” por “conjugar sete forças partidárias com um movimento independente”. O vencedor da noite coimbrã discursou durante cerca de 15 minutos e de olhos postos no futuro assegurou que Coimbra já estava no mapa. “Fomos um dos focos das atenções nacionais. É isso que queremos, que a cidade seja um motor de desenvolvimento nacional, um polo de cultura, de respeito por todos, de liberdade”, disse.

A primeira grande mensagem que o candidato do Juntos Somos Coimbra deixou foi para os empresários e investidores: “Podem voltar a olhar para Coimbra como um concelho em que é possível investir”. Sobre a gestão do município, o antigo bastonário da Ordem do Médicos promete uma câmara transparente de “portas abertas e janelas arejadas” e para quem não espera apenas “grandes obras”.

E apesar de ter ficado em primeiro lugar na corrida à Câmara Municipal de Coimbra, depois de oito anos de liderança do PS, José Manuel Silva assegura que “não é uma vitória de festa. É de trabalho e dedicação e de nós mostrarmos agora nos próximos quatro anos que merecemos a confiança da população e podemos corresponder às expetativas”.

O antigo bastonário da ordem dos médicos, que foi pela primeira vez candidato à autarquia conimbricense em 2017 pelo movimento Somos Coimbra, assegura que se vai iniciar um novo ciclo que “vai ser sentido por todos”.

José Manuel Silva: “Parabéns a Coimbra, começamos um novo ciclo”

A coligação Juntos Somos Coimbra conseguiu 43,92% dos votos, o que corresponde a uma maioria: 6 mandatos em 11 na autarquia. José Manuel Silva conseguiu destronar Manuel Machado que se recandidatava ao terceiro mandato como presidente da câmara e afirma que, com este resultado, vai ser possível trabalhar com “tranquilidade”. Mas promete que o futuro executivo não se vai fechar dentro de si próprio e diz-se disponível para trabalhar com todas as forças políticas “sem discriminações”.

Numa última nota do discurso que foi sendo interrompido com aplausos e vivas a Coimbra cantados ao megafone, José Manuel deixa um recado: “Amanhã é dia de festa. Depois de amanhã começam os dias de trabalho”.

Machado promete “não deixar órfãos” os eleitores que votaram PS

O primeiro a falar tinha sido o recandidato socialista e presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, que presidia até agora também à Associação Nacional de Municípios. No passeio à porta do número 46 da Avenida Sá da Bandeira, onde o PS montou a sede de campanha socialista, Manuel Machado admitia a derrota. Foi de rosto emocionado que desceu as escadas entre palmas de apoiantes e colegas de candidatura. O recandidato à autarquia não esperou pelos números oficiais. Faltavam poucos minutos para as 23h quando Machado começou por enaltecer a participação de todos nas eleições autárquicas e contou que já tinham felicitado os adversários pelos resultados.

O presidente da autarquia não é reconduzido, mas promete que não vai deixar “órfãos todos os conimbricenses” que confiaram na candidatura e destaca que mesmo com os resultados negativos para o PS, Coimbra vai dar um “grande salto” nos próximos quatro anos, com a concretização dos projetos deixados pela atual gestão camarária.

Perante caras soturnas e um ambiente pesado, Machado alongou-se nos agradecimentos no discurso da derrota, mas deixou um obrigado especial a Carlos Cidade, o número dois da lista socialista à autarquia.

O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, agora cessante, fala num espírito de “missão cumprida” e deixa uma palavra aos membros da candidatura, citando Soares: “Só é vencido quem desiste de lutar”. Quanto à obra feita nos últimos quatro anos, Machado considera que “Coimbra está melhor” graças à liderança socialista, apesar de haver trabalho “inacabado”.

PS perde em Coimbra. “Não é a hora da despedida”

O autarca admite que a obra feita não foi reconhecida nas urnas, mas ainda assim “pode ser apreciada e deve ser usufruída por todos”. No fim do discurso de cerca de dez minutos, Manuel Machado olhou para o futuro e remeteu para o fado de Coimbra para dizer “não é hora da despedida”. O recandidato do PS às autárquicas fala de um “novo ciclo” que, ainda assim, sublinha, vai contar com o trabalho do Partido Socialista. Numa nota aos vencedores desta noite, Machado lembrou que os socialistas vão continuar presentes para “garantir que será feito aquilo que falta”, mas também para “fiscalizar a atividade municipal”.

“Viva Coimbra” foram as últimas palavras deste discurso de Manuel Machado, que não quis prestar declarações aos jornalistas e remeteu para mais tarde a resposta sobre se iria continuar em funções na câmara municipal, agora como vereador.