A União Europeia e os Estados Unidos exortaram esta segunda-feira o Irão a autorizar aos inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) a acederem a uma instalação nuclear que Teerão diz não estar incluída num acordo recentemente negociado.

A agência da ONU para o nuclear lamentou o domingo ter sido impedida do acesso “indispensável” a um local de fabrico de componentes de centrifugadoras situado em Karaj, perto de Teerão.

Apelamos ao Irão que permita à AIEA o acesso necessário no mais breve prazo“, declarou o encarregado de negócios norte-americano, Louis Bono, no decurso de uma reunião em Viena do Conselho dos governadores da instância das Nações Unidas.

A União Europeia também manifestou “profunda preocupação” por um “desenvolvimento inquietante”, e quando a República islâmica insiste que esse local não está “abrangido” pelo compromisso relacionado com a vigilância do seu programa nuclear.

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No decurso das negociações em Teerão e em Viena, o Irão indicou que os equipamentos relacionados com o complexo Teça Karaj não estão envolvidos” pelo acordo, indicou no Twitter Kazem Gharibabadi, o embaixador do Irão junto da AIEA, afirmando que o local é alvo de “investigações judiciais e securitárias”.

Em 23 de junho o Irão afirmou ter desmantelado uma operação de “sabotagem” contra um edifício da sua organização de energia atómica “nos arredores de Karaj”, e a abertura de um inquérito.

Este é o único local que os inspetores não conseguiram visitar, indicou aos Estados-membros o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi.

De visita a Teerão, Grossi concluiu em 12 de setembro um acordo sobre a manutenção dos equipamentos de vigilância nas instalações nucleares iranianas, alguns dias após ter denunciado uma ausência de cooperação.

Este novo incidente ocorre quando permanecem bloqueadas as negociações entre Teerão e as grandes potências para o relançamento do acordo histórico de 2015.

O acordo, designado Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, assinado entre Teerão e os EUA, Reino Unido, França, China, Rússia e ainda Alemanha) garantia ao Irão uma suavização das sanções ocidentais em troca de um controlo estrito do seu programa nuclear, sob supervisão de inspetores da agência das Nações Unidas.

Em represália pela retirada dos Estados Unidos do JCPOA, em 2018, e pela nova imposição de severas sanções pela administração do então Presidente Donald Trump, o Irão abandonou a maioria dos seus compromissos.

Após a sua eleição, o Presidente dos EUA, Joe Biden, que sucedeu a Donald Trump, afirmou pretender o regresso de Washington ao acordo, enquanto prosseguem novas negociações para tentar retomar esta iniciativa.