Stuart Scheller ganhou notoriedade a 26 de agosto, dias antes da retirada oficial das tropas norte-americanas do Afeganistão e horas depois de um ataque junto ao aeroporto de Cabul ter provocado a morte de mais de 180 pessoas, entre as quais 13 soldados norte-americanos. Num vídeo publicado no Facebook e no LinkedIn, o fuzileiro naval criticava os “falhanços” da gestão militar dos EUA durante a presença no Afeganistão e a retirada atribulada. Scheller acabou por ser dispensado de serviço e, segundo o The Independent, foi entretanto detido.

O vídeo de 26 de agosto rapidamente se tornou viral e, um dia depois de ter sido publicado, já tinha sido partilhado mais de 28.000 mil vezes. Scheller não poupava críticas aos líderes militares que acusava de se “esquivarem das suas responsabilidades”. “Quero dizer muito firmemente. Tenho lutado ao longo de 17 anos. Estou disposto a abdicar de tudo para dizer aos meus líderes séniores: exijo que se apurem responsabilidades“.

To the American leadership.Very Respectfully,US

Posted by Stuart Scheller on Thursday, August 26, 2021

“As pessoas estão descontentes porque os seus líderes séniores as dececionaram e nenhum deles está a levantar a mão e a assumir responsabilidades ou a dizer: Nós estragámos tudo.” Mais tarde, o fuzileiro naval voltou a fazer outra publicação onde referia que os colegas lhe tinham pedido que retirasse imediatamente o vídeo, embora, diz, concordassem com ele.

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Desde então, Scheller tem dividido opiniões: ora elogiado por algumas pessoas por expressar as frustrações comuns quanto à “má gestão” da guerra no Afeganistão; ora criticado dentro da comunidade militar e de veteranos por criticar publicamente a hierarquia militar e colocar em causa a “ordem e disciplina”.

Mais recentemente, a 16 de setembro, num outro vídeo, comprometia-se a apresentar queixa contra o general Kenneth McKenzie Jr., chefe do Comando Central dos EUA, pelos seus erros que levaram à evacuação caótica do Afeganistão.

Segundo o The Independent, a família de Scheller diz que o fuzileiro apenas pede que se assumam responsabilidades. “Tudo o que o nosso filho fez foi fazer as perguntas que todos querem fazer, mas que estavam com medo de dizer em voz alta”, disse Stu Scheller, o pai. “Ele pediu que se tirassem responsabilidades. Acho que ele até apelou que fosse feito um pedido de desculpa por termos cometido erros, mas não o fizeram, o que é alucinante”. Ainda não há data para o julgamento.