A coordenadora do BE, Catarina Martins, afirmou esta terça-feira que apenas sente “pressão” para negociar no próximo Orçamento do Estado melhores salários, pensões e condições para o SNS, escusando-se a comentar os alertas sobre crises políticas.

No final de uma reunião no parlamento com representantes da Coligação Cívica sobre a Política Agrícola Comum, Catarina Martins foi questionada se se sentia pressionada pelas declarações do Presidente da República e do primeiro-ministro que, entre segunda-feira e terça-feira, consideraram impensável a possibilidade de existir uma crise política relacionada com o Orçamento do próximo ano.

“Sinto uma enorme pressão para que o BE exerça o seu mandato popular de negociar um Orçamento do Estado que se reproduza em salários, que dê garantias às gerações mais jovens de que podem cá trabalhar e viver para que não emigrem. Queremos que quem trabalhou tenha uma reforma digna e que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tenha força para que os seus profissionais queiram lá continuar”, enumerou.

A coordenadora do BE escusou-se a adiantar datas de eventuais reuniões com o Governo sobre Orçamento e a comentar diretamente as palavras de António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa.

“Não há motivos nenhuns para falarmos de outra coisa que não seja o Orçamento e as questões são: o Orçamento vai ter mecanismos que garantam que há uma reprodução concreta na vida das pessoas, ou seja, como é que vão ficar os salários, como é que vão ficar as pensões, como é que o SNS vai retomar os cuidados não- Covid?”, reiterou.

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Para a líder bloquista, são essas “as perguntas fundamentais” a que terá de responder o documento, que deverá entrar no parlamento em 11 de outubro.

Já na segunda-feira, Catarina Martins tinha afastado que os maus resultados eleitorais do BE nas autárquicas pudessem afetar a posição, disponibilidade e caderno de encargos que o partido tinha para as negociações do Orçamento do Estado para 2022.

Por sua vez, em Oeiras, o primeiro-ministro considerou que não se coloca um cenário de crise política na sequência de eventual chumbo do Orçamento, afirmando que isso é impensável quando o país sai “da maior crise” provocada pela pandemia da Covid-19.

Interrogado sobre o facto de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter já recusado qualquer crise política em Portugal, o primeiro-ministro respondeu: “O desejo do Presidente da República de que não haja crises políticas é partilhado pelo Governo e pela esmagadora maioria dos portugueses”.

“Mas quem pode desejar crises políticas num momento em que o país está a tentar sair da maior crise económica que alguma vez teve?”, apontou, numa alusão às consequências da pandemia da Covid-19 em Portugal.