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Morreu Dr. Lonnie Smith, mestre do órgão Hammond e especialista na arte do groove

Este artigo tem mais de 2 anos

O músico tinha 79 anos e morreu de fibrose pulmonar. Deixa um legado de dezenas de álbuns editados e de uma "busca mais e mais profunda pelo groove", como já descrito.

Evolution
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Getty Images

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Morreu esta terça-feira, dia 28 de setembro, um dos compositores e instrumentistas mais proeminentes do jazz e da música americana das últimas décadas: Dr. Lonnie Smith. A notícia foi confirmada por uma das editoras para as quais o músico gravou mais discos, inclusive um editado já este ano (era a discográfica com a qual tinha atualmente contrato assinado), a Blue Note Records. Dr. Lonnie Smith tinha 79 anos.

Estamos profundamente tristes por anunciar que a lenda do órgão Hammond B3 [órgão eletromecânico e instrumento musical habitualmente utilizado em formações jazzísticas e em grupos de música gospel, funk, rhythm and blues e rock progressivo], Dr. Lonnie Smith, morreu com 79 anos. O Doc foi um dos organistas mais funky e mais inventivos a passar pela Terra e estamos orgulhosos por podermos ter levado a música alegre deste homem memorável a ouvintes e fãs de todo o mundo”, lia-se numa primeira nota.

Posteriormente, num comunicado mais completo e de teor biográfico (evocando o percurso musical) publicado no site oficial da Blue Note Records, a editora dá conta de que a morte “foi confirmada pelo manager” de Dr. Lonnie Smith, Holly Case. A causa do óbito foi “fibrose pulmonar”. Será ainda preparada em Nova Iorque uma “celebração da sua vida e da sua música”, acrescenta a editora.

Nascido em Buffalo, no estado de Nova Iorque, Dr. Lonnie Smith começou a interessar-se por música por influência da mãe (segundo ele próprio relatou). Mas foi em 1966, quando tinha 24 anos, que começou a ganhar maior notoriedade ao juntar-se ao guitarrista, vocalista e compositor George Benson e ao passar a integrar uma nova formação intitulada George Benson Quartet (Quarteto de George Benson).

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Lonnie Smith

Michael Ochs Archives

Depois de integrar o George Benson Quartet, tudo começou a acontecer rapidamente: um ano depois, em 1967, Dr. Lonnie Smith editava o seu primeiro álbum como líder de uma formação. O disco, gravado em quinteto, intitulava-se Finger Lickin’ Good Soul Organ. Daí em diante Dr. Lonnie Smith nunca mais parou, atuando regularmente ao vivo e gravando dezenas de álbuns.

A sua música viria a refletir uma fusão de géneros, abolindo permanentemente (e ativamente) fronteiras entre o jazz e outras estéticas musicais, mas também espelhando uma profusão de influências da música negra — da soul ao funk, do jazz ao blues — e também do rock progressivo e psicadélico dos anos 60 e 70.

Resultaria tudo num mosaico musical composto por vários géneros, que dialogavam entre si numa procura permanente por um certo groove psicadélico, jazzy e funky. A própria estética visual com que Dr. Lonnie Smith se apresentava remetia para a espiritualidade da sua música.

A rádio pública norte-americana (NPR), por exemplo, destaca o “dinamismo e feitiçaria” musical de Dr. Lonnie Smith, lembrando que os ensembles de órgão, que começaram a surgir com maior notoriedade nos anos 1960, tinham a sua raiz em “salas e espaços musicais de bairros negros americanos”.

New Orleans Jazz And Heritage Festival 2014 - Day 4

Redferns via Getty Images

Como líder, Dr. Lonnie Smith começou por editar na Blue Note Records discos como Think!, Turning Point e Move Your Hand (1969) e Drives e Live at Club Mozambique (1970), antes de deixar a editora.

Entre os anos 1970 e o início da última década (2010-2020), Dr. Lonnie Smith editou perto de duas dezenas de álbuns assinados com o seu nome em múltiplas editoras, da japonesa Venus à nova-iorquina Palmetto. Keep on Lovin’, lançado em 1976 pela prestigiada Groove Merchant, é apenas um exemplo de uma série de LP que incluiu homenagens a John Coltrane (Afro Blue, 1993), Jimi Hendrix (Foxy Lady e Purple Haze, ambos em 1994) e Beck Hansen (Boogaloo to Beck: A Tribute, 2003).

A estes álbuns juntam-se importantes contribuições em gravações de discos do saxofonista Lou Donaldson, do também saxofonista Javon Jackson e do organista Jimmy McGriff, entre outros.

Nos últimos anos, a notoriedade de Dr. Lonnie Smith voltou a aumentar na sequência do regresso do músico à editora Blue Note Records. Os últimos álbuns publicados nesta editora (Evolution, de 2016 mas sobretudo All In My Mind, de 2018 e Breathe, de 2021 — este último incluía dois temas com participação de Iggy Pop) fizeram aliás com que a sua música chegasse a uma nova geração de ouvintes de jazz, de funk e de rythm and blues.

Mestre na arte do groove, como já foi chamado, Dr. Lonnie Smith chegou a dizer sobre a sua relação com o órgão Hammond B3: “É a extensão do meu ser. Respira por mim, fala por mim. Sinto cada pedaço do órgão. É como eletricidade — um fogo que atravessa o meu corpo. Consegues senti-lo vibrar e não há nada como isso”.

Vários músicos e figuras centrais do jazz já reagiram publicamente à morte de Dr. Lonnie Smith. Numa das reações mais emotivas, o pianista Jason Moran deixava a seguinte mensagem: “Todo o meu amor pela alma e pelo espírito de este grande [músico], Dr. Lonnie Smith. (…) Nós adoramos-te, Dr. Lonnie, estarás para sempre na nossa alma. Obrigado por nos teres inspirado sempre na busca pelas possibilidades mais e mais profundas do groove”.

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