A administração da Juventus preferiu remeter-se ao silêncio como se nada tivesse acontecido, Allegri não demorou a apontar para o futuro sem olhar para quem não estava. A saída de Cristiano Ronaldo ainda vai dando que falar, com alguns programas espanhóis a darem conta na semana passada de um contacto com base informal entre representantes do jogador e do Atl. Madrid em agosto sobre uma possível transferência (que nunca passou disso), mas a Vecchia Signora preferiu sempre passar ao lado do impacto que a mesma teve na equipa. Pelo menos até agora, com Bonucci a admitir o “mal” que essa mudança provocou.

“A presença do Cristiano influenciou-nos muito. Só o facto de treinar com ele dava algo extra mas, quase de forma inconsciente, os jogadores começaram a pensar que só a sua presença era suficiente para se ganhar jogos. Começámos a ficar um pouco curtos no nosso trabalho diário, na humildade, no sacrifício, na vontade de estar ali com os companheiros de equipa. Nos últimos anos acho que isso foi visível”, comentou o central de 34 anos, que voltou a Turim em 2018 depois de um ano no AC Milan, ao The Athletic.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Começámos a dar por certo que se a bola fosse para o Cristiano, ele ganharia o encontro mas o Cristiano também necessitava da equipa tal como nós necessitávamos dele. Teria de haver a compensação. Foi isso que aconteceu na temporada passada, em que conseguimos acabar ainda em quarto e ganhámos a Taça de Itália porque voltámos a ser uma equipa. Se tivesses um bocado de madeira no balneário antes desses encontros, tinha havido um incêndio, tanta era a eletricidade que existia”, acrescentou.

“Alucinei com a maneira de trabalhar do Cristiano”. Bonucci sobre o regresso à Juventus e a rejeição do Real Madrid

Em paralelo, o campeão europeu de seleções falou também de Pep Guardiola e da possibilidade que esteve muito próxima de acontecer de ser mudar para o Manchester City. “Tinha o sonho de ser um dia treinado por ele e o mais próximo que esteve foi em 2016, quando quase assinei por eles. Faltavam uns últimos detalhes mas a Juventus decidiu não vender-me. Quando saí para o AC Milan também podia ter ido para lá mas não se deram as mesmas circunstâncias e tinha dado já a minha palavra. No ano passado voltei a falar com o Pep, que também me queria, mas disse que a Juventus é a minha casa e que estou bem aqui”, contou o jogador de 34 anos que ganhou nove vezes a Serie A (oito em Turim, uma pelo Inter em 2006).

Bonucci a beber Coca-Cola e Heineken, Chiellini no chão do balneário e as lágrimas da mulher de Kane: as imagens depois do jogo

Por fim, e admitindo também a vontade de ser treinador – “Vou tirando notas desde que trabalhei com o Antonio Conte, foi um treinador muito importante para mim e na minha carreira, e gostava muito de tentar mas estou centrado na minha carreira e a minha mulher está contra porque me quer mais tempo em casa”, comentou –, Bonucci destacou a importância dos defesas no futebol e elogiou… Rúben Dias.

No final, a taça fugiu de casa e foi para Roma. E debaixo do braço de Bonucci (a crónica da final do Euro 2020)

“Os avançados e os médios são aqueles que vendem mais camisolas, que entretêm mais os adeptos, que marcam a diferença. Eles marcam a diferença de uma forma mais óbvia e visível do que um defesa mas para nós o Fabio Cannavaro é um ícone defensivo e foi justo que ganhasse a Bola de Ouro depois do Mundial da Alemanha, inclusive do Gigi Buffon que era o melhor guarda-redes do mundo. Isto demonstra a importância de teres um defesa com uma grande personalidade, vê o impacto que Rúben Dias conseguiu ter no Manchester City, a sua valorização. Mereceu nota máxima no primeiro ano que fez em Inglaterra na Premier League. Para que nos julga, é difícil ver pequenos detalhes como gritar com um companheiro para fazer um ajuste na posição. Isso é muito importante”, concluiu o defesa transalpino.