Fernando Medina convidou Carlos Moedas para estar presente na cerimónia de comemoração do 5 de Outubro deste ano. O presidente cessante da câmara municipal de Lisboa continua empenhado em fazer uma transição suave do poder na autarquia e, confirmou o Observador junto de fonte do executivo, já estão a ser preparados pelos serviços camarários, a pedido de Medina, vários dossiers para serem entregues ao presidente eleito.

A equipa de Carlos Moedas considera que Fernando Medina tem tido uma postura de correção desde o momento em que ligou pela primeira vez ao adversário a parabenizá-lo pela vitória. O presidente eleito está agora a formar a sua equipa sabendo que a tomada de posse deverá ocorrer, pelos prazos estatutários, na segunda quinzena de outubro (até 20 dias após o apuramento definitivo dos resultados eleitorais).

Carlos Moedas tem um desafio gigante pela frente. Desde logo tem uma equipa de vereação com pouca experiência na gestão autárquica (à exceção do centrista Diogo Moura, o mais conhecedor dos dossiers da cidade na coligação Novos Tempos). Mas há mais atos de gestão indispensáveis que se avizinham. Nas empresas municipais estão ou dirigentes socialistas ou adminsitradores da confiança do PS. A título de exemplo, na Sociedade de Reabilitação Urbana está Inês Ucha, que foi eleita vereadora pelo PS, logo terá que ser substituída. Na Gebalis, por exemplo, está um dirigente do PS/Lisboa, Pedro Pinto Jesus, que também terá de ser substituído. Assim, Moedas tem não só de cuidar do executivo, como também de todo o universo da câmara municipal de Lisboa e encontrar gestores capazes (e de preferência apartidários) para gerir essas empresas.

A nível da governação da autarquia, Carlos Moedas já teve entretanto sinais de João Ferreira de que terá apoio da vereação comunista para propostas que o PCP considere que sejam úteis para a cidade. Isso pode ajudar a desbloquear uma aritmética que torna difícil a governação do município que tem uma presidência de direita e uma maioria de vereadores de esquerda.

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Logo no dia seguinte à eleição, Carlos Moedas abriu a porta a todos os partidos: “Conto com todos os partidos, conto com todos os vereadores. Tudo aquilo que são as minhas propostas serão trabalhadas com todos, trabalhadas com aqueles que hoje são eleitos. É trabalhar em conjunto, temos de deixar esta política da fricção e passarmos para uma política da construção das soluções, para os resultados”.

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Carlos Moedas cumpria, nesse dia, a sua primeira promessa. O presidente eleito tinha prometido, ainda como candidato que iria almoçar com os trabalhadores da higiene urbana da autarquia no dia seguinte caso fosse eleito. Foi isso que fez na segunda-feira deslocando-se ao ao refeitório municipal do Polo Olivais 2 COR.

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Carlos Moedas está agora à procura de um outro trabalhador da higiene urbana para lhe pagar outra promessa. Tudo começou com uma conversa durante a campanha.

– “Não vai ganhar a câmara de Lisboa”, disse o trabalhador.
– “Ganho sim”, insistiu Moedas.
– “Não ganha não, oxalá que sim, a ver se esta porcaria mudava”.
– “Então fazemos uma aposta”.
– “Quer dar-me o seu ordenado que eu dou-lhe o meu?”, diz o trabalhador.
– “Vou ficar com o seu contacto. E eu vou ganhar e vou-lhe pagar o almoço”, prometeu Moedas.

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Pagar esta promessa é o trabalho mais fácil de Carlos Moedas. O mais difícil será conseguir aplicar o programa sem maioria no executivo municipal nem na Assembleia Municipal.