Sushi, pataniscas e mojitos. Estes eram alguns dos pedidos de almoço de Cristina Landeiro, diretora de gestão do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que usava dinheiro do organismo para pagar refeições que chegavam a superar os 50 euros e que justificava como sendo “despesas urgentes, imprevisíveis e inadiáveis”.

Segundo informa a TVI, algumas das despesas incluíam um almoço num restaurante mexicano com mojitos que custou 36 euros, uma encomenda de sushi através de uma plataforma de entregas ao domicílio que ultrapassou os 30 euros e uma ida a um restaurante em Queluz de Baixo que chegou aos 50 euros e onde a responsável do SEF pediu cinco doses de lagartinhos e uma dose de pataniscas.

Todas estas despesas — justificadas como “urgentes” — eram pagas com dinheiros públicos do SEF, apesar de os funcionários receberem um suplemento para despesas relacionadas com a alimentação. E eram ainda autorizadas pelo diretor nacional adjunto do organismo, José Barão, nomeado em março de 2020 pelo ministro da Administração Interna (MAI), Eduardo Cabrita, e por Botelho Miguel, diretor nacional do SEF.

Cristina Landeiro chegou ao ministério da Administração Interna em 2018 e em dois anos chegou ao topo do SEF, embora, segundo indica a TVI, não tenha tido no seu currículo qualquer experiência na área das migrações e asilo. Licenciada em gestão pela Universidade Lusíada de Lisboa e com um mestrado em Economia de acordo com o seu perfil no Linkedin, Cristina Landeiro foi analista financeira até 2017, tendo chegado ao SEF um ano depois.

Já José Barão, que autorizava as despesas, era visto por Eduardo Cabrita como possuindo “reconhecida idoneidade, experiência profissional e formação exigidas para o exercício das funções em causa”. O diretor nacional adjunto do SEF, diz a TVI, também não possuía qualquer experiência na área das migrações e asilo.

Tendo-se licenciado em Direito e com uma pós-gradução em Administração Local, José Barão integrou a Juventude Socialista, foi assessor do Grupo Parlamentar do PS no primeiro governo de José Sócrates e chegou a ser chefe de gabinete de Eduardo Cabrita. Nestas autárquicas, fez ainda parte da comissão de honra de Fernando José, candidato do PS à Câmara de Setúbal.

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