O parlamento aprovou esta sexta-feira, por unanimidade, um voto de pesar apresentado pelo presidente da Assembleia da República pela morte do historiador, sociólogo e crítico de arte José-Augusto França, aos 98 anos, no passado dia 19.

No texto do voto, Ferro Rodrigues salienta que José-Augusto França é um “nome incontornável da cultura e da História da Arte portuguesa dos séculos XIX e XX”.

O presidente da Assembleia da República especifica depois que José Augusto França se destacou como “historiador e crítico de arte, sociólogo e pedagogo, com vasta e pioneira obra publicada, nomeadamente sobre a reconstrução da Baixa Pombalina e sobre os maiores artistas portugueses do século XX”.

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“Também o Palácio de São Bento, sede da Assembleia da República, foi objeto de um magnífico estudo por parte de José-Augusto França”, refere.

No texto, realça-se também que o interesse deste historiador da arte pela pintura “revela-se em 1946, começando então a publicar os seus primeiros artigos de crítica de arte no Horizonte, Jornal das Artes, ao mesmo tempo que escreveu monografias sobre artistas como Amadeo de Souza-Cardoso e Almada Negreiros”.

“Em 1959, a convite de Pierre Francastel, sociólogo e historiador, José-Augusto França partiu para França como bolseiro do Governo francês, vindo a obter na Sorbonne os graus de Doutor em História, em 1962, e Doutor em Letras, em 1969. Regressado a Portugal, logo após o 25 de Abril, José-Augusto França integrou o corpo docente da Universidade Nova de Lisboa, tendo aí criado o primeiro curso de História de Arte do país, com mestrado e doutoramento, alterando profundamente o panorama da historiografia da arte em Portugal”, assinala-se no voto do presidente da Assembleia da República.

No plano ideológico, Ferro Rodrigues lembrou as “convicções socialistas” de José-Augusto França, que o levaram também a envolver-se na luta política, tendo subscrito, logo em 1946, as listas do Movimento de Unidade Democrática (MUD), e, já depois do 25 de Abril, integrado a lista para a Assembleia Municipal de Lisboa da candidatura “Por Lisboa”, encabeçada por Jorge Sampaio”.

“José-Augusto França foi, ao longo da sua vida, objeto de múltiplas distinções, tendo sido agraciado como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1991), com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (1992), a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (2006) e a Medalha de Mérito Cultural (2012)”, acrescenta-se no voto.