“Liverpool-Manchester City: a história de uma rivalidade totalmente moderna em formação durante 13 anos”. Era desta forma que o Manchester Evening News apresentava o jogo grande da jornada na Premier League, com um dado significativo a favor dos citizens que não acontecia desde os anos 30, com o conjunto de Pep Guardiola a fazer uma série de três jogos sem perder frente aos reds (duas vitórias e um empate) a partir da goleada por 4-0 em 2020 quando a equipa de Jürgen Klopp já se tinha sagrado campeã e que teve como ponto alto o 4-1 fora da última época que quebrou um jejum de quase duas décadas sem triunfos em Anfield. Agora, discutia-se a liderança do Campeonato. E havia uma questão de afirmação.
O Liverpool chegava a esta nova temporada na ressaca de um annus horribilis a todos os níveis após duas épocas em festa entre a vitória na Champions e na Premier League. Aliás, foi de tal forma complicado, em especial depois da lesão grave contraída por Virgil van Dijk que deixou o neerlandês de fora por largos meses, que o próprio lugar do técnico alemão chegou a ser colocado em causa pela série de derrotas consecutivas. Ficou, como não poderia deixar de ser, e com praticamente o mesmo plantel com que tinha alcançado o sucesso recuperou o momento para se reinventar e passar a ser um dos favoritos aos principais troféus. No Campeonato, empatara apenas com o Chelsea e o Bournemouth e podia isolar-se no topo.
No entanto, e antes do apito inicial, os elogios foram sobretudo para o Manchester City. “É uma equipa excecional. Perderam agora com o PSG mas perderam duas ou três oportunidades claras que o adversário conseguiu marcar. Estamos em boa forma, podemos atravessar um bom momento mas eles ainda são para mim a melhor equipa da Europa no presente e teremos uma tarefa complicada”, salientou Klopp.
Não há mesmo duas sem três. E Sérgio não se lembrou do provérbio (a crónica do FC Porto-Liverpool)
Do lado do Manchester City, a reação à época do quase europeu após a derrota na final da Champions nem começou da melhor forma mas acabou por voltar a entrar nos eixos depois das derrotas com o Leicester (Supertaça) e o Tottenham (primeira jornada da Liga), tanto que, na sequência do triunfo com o Chelsea em Stamford Bridge na última ronda, a equipa poderia assumir a liderança partilhada da Premier com os blues em caso de triunfo na deslocação a Anfield, no final de uma série de encontros difíceis que teve ainda a partida em França com o PSG onde os campeões ingleses falharam sobretudo na finalização.
No entanto, e antes do apito inicial, os elogios foram sobretudo para o Liverpool (e para Klopp). “Ele e as equipas dele ajudaram-me a ser um treinador melhor. Foi o Jürgen que me colocou noutro nível, a provar a mim mesmo o que tenho de fazer para ser um treinador melhor das minhas equipas. É por isso também que estou aqui. Além de ganhar títulos, existem alguns treinadores que te desafiam a dar o passo em frente e ele é um deles. Todos os jogos entre nós foram bons porque são duas equipas com a mesma ideia de fazer golos mas de maneiras diferentes, eles são mais rápido do que nós nisso”, destacou Guardiola.
Era neste contexto que chegava a partida em Anfield, com essa baixa de Alexander-Arnold que colocaria outro tipo de dificuldades na direita do ataque e de novo com os quatro portugueses em ação incluindo Bernardo Silva, que teve um falhanço para esquecer diante do PSG mas que nem por isso deixou de ter a confiança de Pep Guardiola a par de João Cancelo e Rúben Dias contra o avançado Diogo Jota. No final de um jogo com elevada carga emocional pela homenagem ao malogrado Sir Roger Hunt, uma das maiores figuras de sempre dos reds e do futebol inglês, sobrou um empate, quatro golos fantásticos em pouco mais de 20 minutos e uma jogada de Bernardo Silva que está a dar a volta ao mundo.
Há algumas exibições das quais nem é necessário falar. Sé temos de ver e apreciar. A performance do Bernardo fala por si. Uma palavra? Apenas magnífico. Vir a Anfield e fazer o que ele fez… É um grande jogador, um jogador excecional”, disse Guardiola no final.
Here’s 2 minutes of Bernardo Silva being the best in the world. ????????
[via @ManCity]pic.twitter.com/HpqM7jabe9
— City Chief (@City_Chief) October 3, 2021
A primeira parte, mesmo sem golos, foi o hino que se esperava ao futebol, daqueles que terminam após 45 minutos e pareciam que não tinham ainda passado 20. Não houve propriamente grandes oportunidades mas teve um Liverpool mais vertical na forma como fazia as aproximações à baliza de Ederson, que quase não fez defesas, e um Manchester City a trabalhar mais a bola até chegar à área contrária. Bernardo Silva, com uma jogada de sonho em que tirou vários adversários da frente antes de sentar Van Dijk e assistir Phil Foden para uma “mancha” gigante de Alisson (20′), foi um dos melhores em campo a par do inglês, que voltou a ver o guarda-redes evitar o golo em mais uma bola na área perto do intervalo (43′).
"Just ENJOY it" ????
How good has Bernardo Silva been recently? ???? pic.twitter.com/lDq8KW6xCN
— Manchester City News (@ManCityMEN) October 3, 2021
O segundo tempo começou com um Liverpool melhor em termos ofensivos, o que fez também com que o Manchester City esticasse menos o jogo após o intervalo, e com Jota a deixar o primeiro aviso com uma grande receção orientada à entrada da área antes do remate para a defesa de Ederson (48′). Estava dado o mote para um período de pouco mais de 20 minutos com quatro golos fantásticos que contariam a história do jogo: Mané inaugurou o marcador após uma jogada de Salah antes da assistência para a diagonal (59′), Phil Foden empatou com um remate colocado de pé esquerdo após um grande trabalho de Gabriel Jesus (69′), Salah recolocou o Liverpool na frente em mais uma iniciativa individual só ao nível dos melhores (76′) e De Bruyne fez o 2-2 final com mais um tiro de longe sem hipóteses para Alisson (81′).
[Clique nas imagens para ver os golos do Liverpool-Manchester City em vídeo]
???????????????????????????? Liverpool ???? Manchester City
Jogo fantástico teve brutal exibição de Mohamed Salah ???????? acima de todas os outras ⭐️#EPL #PremierLeague #LIVMCI #RatersGonnaRate pic.twitter.com/2CaB1WVvhh
— GoalPoint.pt (@_Goalpoint) October 3, 2021