Catorze imigrantes foram esta segunda-feira resgatados com vida do mar nas ilhas espanholas Baleares, incluindo 11 inicialmente dados como mortos, enquanto as equipas de socorro procuram outros três, indicaram as autoridades

Três pessoas que estavam no mar foram resgatadas por um helicóptero, nove foram encontradas pelas forças de segurança e pelo serviço de Salvamento Marítimo numa embarcação precária, ao passo que outras duas foram auxiliadas por outro barco, e todas se encontram a salvo.

No entanto, as equipas de emergência não concluíram a operação de resgate, porque pensam que na embarcação viajavam inicialmente 17 pessoas, pelo que prosseguem as buscas das restantes três.

Os onze corpos foram inicialmente dados como encontrados e recuperados esta segunda-feira no mar Mediterrâneo ao largo das ilhas Baleares, divulgaram as autoridades deste arquipélago espanhol que tem testemunhado nos últimos meses um aumento do fluxo migratório.

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Inicialmente, as autoridades locais anunciaram que tinham sido localizados “cerca de 17 corpos” por um veleiro “a oeste da ilha de Cabrera“. Posteriormente, as mesmas fontes comunicaram um “balanço provisório” que dava conta de “três pessoas resgatadas e 11 corpos recuperados”.

Uma embarcação privada avisou primeiro que tinha recuperado dois cadáveres e que havia mais no mar, mas o serviço de Salvamento Marítimo comprovou que estavam vivos e que o que estava a flutuar eram coletes salva-vidas.

Pouco depois, um helicóptero localizou outros três imigrantes vivos na água, que receberam cuidados médicos em terra e foram transportados para hospitais.

Posteriormente, foram localizadas mais nove pessoas com vida na embarcação e foram levadas para a ilha de Maiorca.

Os 14 imigrantes resgatados estão a receber cuidados médicos por se encontrarem muito debilitados, após vários dias no mar.

As autoridades do arquipélago — que juntamente com as ilhas Canárias é uma das zonas do território espanhol que regista o número de chegadas irregulares de migrantes por mar mais elevado — ainda não forneceram muitos pormenores sobre a situação reportada.

Nos últimos meses, as chegadas de migrantes, muitos deles procedentes da Argélia, em direção às Baleares ou ao sudeste de Espanha, têm vindo a aumentar.

Na semana passada, entre segunda e sexta-feira, cerca de 300 pessoas foram resgatadas ao largo das Baleares.

Apesar do reforço dos controlos no Estreito de Gibraltar, situado entre o sul de Espanha e o norte de Marrocos e que estabelece a comunicação entre o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, o fluxo na chamada rota migratória dos “harragas” — nome em árabe que é utilizado para designar os migrantes irregulares que partem da Argélia — tem vindo a aumentar, segundo relatam as autoridades locais e as várias organizações não-governamentais (ONG).

Em meados de setembro, os corpos de oito migrantes que terão saído da Argélia ou de Marrocos, incluindo uma criança e três mulheres, foram encontrados pelas autoridades espanholas nas praias da província de Almeria, na zona sudeste da península.

Na semana passada, uma mulher grávida argelina e os seus cinco filhos foram resgatados na província de Alicante.

Várias ONG que prestam apoio a migrantes nas costas leste e sul de Espanha têm relatado nos últimos meses um aumento de mulheres e de menores nesta rota migratória.

Para muitos destes migrantes, o território espanhol é encarado como um ponto de passagem, uma vez que muitas vezes o seu objetivo final é chegar a França.

Pelo menos 13.320 migrantes chegaram de forma irregular, por via marítima, ao território continental espanhol ou às Baleares nos primeiros nove meses deste ano, o que representa um aumento de 19% (mais 2.104 chegadas) em comparação ao período homólogo do ano passado, de acordo com os últimos dados do Ministério do Interior espanhol.

Nos mesmos meses, outros 13.118 migrantes chegaram às ilhas Canárias (a chamada rota da África Ocidental que atravessa o Atlântico e a costa oeste de África), mais do dobro do número registado no mesmo período do ano passado (6.124).

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 2021 constitui “o ano mais letal na rota migratória em direção a Espanha”, com o registo de pelo menos 1.025 pessoas mortas ou desaparecidas quando tentavam fazer a travessia e alcançar o território continental espanhol ou os arquipélagos das Canárias ou das Baleares.

Espanha, a par da Grécia, Itália, Malta ou Chipre, é um dos países da “linha da frente” ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.