Primeiro, aquele grito depois da falta de Borruto com apenas 13 minutos de jogo e que fez lembrar aquela dor que o retirou da final do Europeu de 2018 (que com a repetição do VAR se percebeu ter sido um murro na barriga do argentino que foi expulso). A seguir, aquela bola no poste esquerdo menos de dois minutos depois quando era só a encostar ao segundo poste a recordar tantos remates que foi tentando e que deram apenas dois golos contra Ilhas Salomão e Sérvia. Ricardinho vivia várias emoções num jogo de 40 minutos que seria o mais especial na carreira. No final, acabou como tal. E o Mágico chorou de emoção.

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Mal terminou o jogo que deu a Portugal o primeiro título de campeão mundial, Ricardinho trocou um longo e emotivo abraço com Bruno Coelho, foi saudado por todos os companheiros que olharam para ele sempre como um ídolo jogando há mais ou menos tempo a seu lado, acabou engolido por Jorge Braz enquanto o selecionador lhe dizia algo, encaminhou-se para a zona do pavilhão onde estavam os adeptos portugueses. O esquerdino estava em completa euforia depois de conquistar o único troféu que ainda lhe faltava ganhar após ter sido seis vezes considerado o melhor do mundo. E ainda mais emocionado ficou quando acabour por ganhar de novo mais uma distinção como MVP, neste caso de Melhor Jogador do Mundial.

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Na altura de levantar a taça, e depois de ter estado à conversa com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, Ricardinho chamou Bebé e Bruno Coelho e levantaram em conjunto o único troféu que faltava ainda chegar à Cidade do Futebol em relação ao futsal – sendo que o espaço já está reservado para essa entrega. Depois de ter sido operado, o número 10 teve uma recuperação com muito trabalho à mistura ao longo de semanas a fio apenas para estar apto para esta prova e esse esforço acabou por ser recompensado por vários títulos: o de campeão mundial, o de MVP, o de ídolo de vários jogadores inclusive adversários, como se viu no pedido da seleção de Marrocos para que tirasse uma fotografia no balneário dos africanos.

A fratura da tíbia como lição, a finta AK-3000 como apresentação: o que faz Ricardinho ser o Mágico

“Estive na Seleção Nacional durante 18 anos”, recordou o esquerdino à FIFA.com depois da conquista do Mundial com uma vitória frente à Argentina por 2-1. “Joguei muitos jogos, joguei muitas competições, estive em quatro Campeonatos do Mundo. Estive sempre em boa forma. Agora, há seis meses estava numa cama de hospital. Foi a cirurgia mais complicada da minha carreira, mal podia rematar uma bola depois disso. Tive de trabalhar de forma muito mais árdua do que se possa pensar para entrar na equipa de Portugal, para poder ajudar a equipa. Há seis meses parecia tudo impossível”, prosseguiu.

“Ia retirar-me e sabia que era a minha última oportunidade de ganhar um troféu com o qual sonhei toda a minha vida. Sabia que me ia arrepender para sempre de não ter ganhar um Mundial. Sou muito emocional, estou tão feliz. Ganhei três Ligas dos Campeões, ganhei 15 Campeonatos, ganhei o Europeu de seleções mas esta é de longe a vitória mais especial. É o maior momento da minha carreira, o melhor dia da minha vida. Esperei toda a minha carreira por este troféu. MVP? Foi a maior surpresa de todas, ganhar a Bola de Ouro é tornar tudo ainda mais perfeito mas foi um esforço coletivo de todos”, concluiu o Mágico.