No discurso que fez no convívio com a Casa do Benfica de Santarém, Rui Costa, líder interino e candidato à presidência do clube, colocou grande enfoque na questão do desporto feminino clube, destacando o facto de ser o único em Portugal com dez equipas seniores nas modalidades de pavilhão – e com essa curiosidade de na última temporada ter conseguido muito mais sucesso no feminino do que no masculino. Em paralelo, recordou também o futebol e a construção de um projeto que subiu de divisão na primeira época com a conquista da Taça, foi depois campeão e assegurou agora a participação na fase de grupos da Champions.

Não há uma sem duas e com três de Cloé Lacasse: Benfica goleia Twente e está na fase de grupos da Champions feminina

“Foi um projeto que nasceu forte, à Benfica e para continuar assim”, destacou o antigo camisola 10 na antecâmara da histórica estreia nesta fase da principal prova europeia de clubes. “E daqui a pouco tempo acredito que as equipas que estão na Liga dos Campeões terão de contar também com equipa feminina. Nós já lá estamos”, referiu ainda Rui Costa a esse propósito. Esta noite, o candidato estaria em Vendas Novas à mesma hora do encontro que ainda assim não deixou de seguir. No Benfica Campus, a bancada principal do campo número 1 estava bem composta para o arranque de um desafio onde as encarnadas partirão quase sempre como outsiders mas com vontade de poder fazer alguma(s) surpresa(s) nesta estreia.

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“Quando trabalhamos no Benfica e temos este símbolo ao peito, entramos em todos os jogos para ganhar. Independentemente de podermos ser considerados, por alguns, como um outsider, por ser a primeira vez que estamos na prova, isso é perfeitamente normal. Queremos fazer o máximo de pontos possível, por isso o apuramento é uma possibilidade como para as outras equipas. Se é fácil? Não é, de todo. Mas se fosse fácil, também não seria para nós. Não havia boas escolhas, piores ou melhores. Temos muito orgulho no que estamos a criar e na possibilidade enorme de crescimento. Porque, na realidade, como é que as jogadoras crescem em projetos internacionais? É em jogos internacionais e isso só poder ser através da seleção e da Liga dos Campeões”, comentara André Vale, adjunto de Filipa Patão, na antecâmara.

Contas feitas, o Benfica deu sempre uma resposta à altura com uma organização coletiva que não deu margem para o Bayern fazer prevalecer as melhores individualidades e com capacidade, sobretudo ao longo da primeira parte, para esticar jogo à área contrária com transições que permitiram remates perigosos de Cloé Lacasse e Kika Nazareth. No final, o ponto acabou por ser um prémio numa estreia muito positiva, antes da deslocação mais complicada no grupo D para defrontar o Lyon, que bateu o Häcken por 3-0.

O Bayern entrou de forma natural com vontade de agarrar mais no jogo e conseguiu ir jogando mais no meio-campo das encarnadas mas  organização do Benfica não foi permitindo grandes oportunidades para as germânicas, sendo mesmo Cloé Lacasse a ter o primeiro remate com real perigo à baliza na sequência de uma boa transição que passou antes por Kika Nazareth e Nycole (22′). Só mesmo na parte final do intervalo as visitadas conseguiram duas chances de maior perigo, ambas resolvidas com grandes defesas de Letícia para canto por Maximiliane Rall e Linda Dallman (34′), mas seria o Benfica a terminar por cima com mais uma boa jogada de Ana Vitória a assistir Cloé Lacasse para o remate a rasar o poste (42′) e Kika Nazareth a voltar a ameaçar a baliza de Laura Benkhart já no período de descontos (45+2′).

O segundo tempo manteve as mesmas características, com o Bayern a assumir mais o jogo e o Benfica a tentar sempre explorar as transições para chegar à área contrária como aconteceu com Nycole num remate que saiu fraco e à figura (53′). O nulo teimava em persistir e as duas equipas começavam a preparar as primeiras alterações, com Valéria Silva a entrar para o lugar de Nycole e Beatriz Cameirão a render Ana Vitória, mas a parte física acabou por imperar nos últimos 20 minutos, com as germânicas a assentarem no meio-campo das encarnadas e a verem um golo de Saki Kumagai anulado por mão na bola (79′). Schüller acertou ainda na trave num remate acrobático (84′) mas o nulo manteve-se mesmo até ao fim.