Uma “gestão nefasta” com “falta de controlo” que acabou por resultar numa “estrutura financeira inviável”. A última auditoria às contas dos últimos anos do FC Barcelona revelou um cenário preocupante com um clube em risco de falir. “Se o Barça fosse uma sociedade anónima, estaria em situação de dissolução”, afirmou Ferran Reverter, diretor-geral da equipa catalã na apresentação dos resultados esta quarta-feira.

Em apenas quatro anos, as dívidas do FC Barcelona passaram de 158 para 675 milhões de euros. “O Barça inundou-se com empréstimos à banca. Pediam-se até 100 milhões de euros para evitar passar pela Assembleia”, denunciou Ferran Reverter, que acrescenta que “faltava planificação, inclusive para pagar as transferências”. O diretor-geral ainda vai mais longe: “Fazíamos as contratações sem saber se as podíamos pagar”.

Na origem deste aumento da dívida, esteve o aumento da massa salarial em 61% em três anos, a subida nos gastos de gestão na ordem dos 56% e ainda um acréscimo de 600% nos custos financeiros.

Além disso, Ferran Reverter anunciou que está em curso “uma investigação forense às contas do clube”, esperando ainda resultados. Ainda assim, o diretor-executivo adianta que já houve “indícios de irregularidades” na utilização de fundos pela antiga direção do clube catalão, chefiada por Josep Bartomeu.

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Ferran Reverter estima que o FC Barcelona necessita de “pelo menos cinco anos” para conseguir “balancear os seus défices”. Isto não significa, contudo, que o clube esteja impedido de contratar mias jogadores, realçou o diretor-geral, que aponta também que há vários talentos na equipa júnior dos blaugrana.

Além disso, o diretor-geral da equipa referiu que a nova direção, liderada por Joan Laporta, tomou conta de um clube que tinha tido uma gestão “nefasta e improvisada” da anterior liderança, que deixou o clube “com um património negativo e em situação de quebra contabilística, com um fluxo de caixa nulo e com dificuldade para pagar inclusivamente os salários”.

Com uma massa salarial prevista de 835 milhões de euros e subsistindo com 108% de gastos acima das receitas, o FC Barcelona teve de renegociar contratos com alguns jogadores e viu sair Lionel Messi, depois de não ter conseguido renovar com o futebolista argentino, devido às regras de fair play financeiro em Espanha.

A dívida total do FC Barcelona atingiu os 1350 milhões de euros, com a última temporada a terminar com um prejuízo de 481 milhões de euros, depois de o clube ter tido receitas de 631 milhões de euros e gastos de 1136 milhões de euros.

A horas antes da transferência de Griezmann, Barcelona deu-se conta de que não “tinha fundos” para o comprar

Um dos casos que Ferran Reverter enunciou como sendo uma prova da gestão danosa do clube catalão aconteceu horas antes da contratação do avançado Antoine Griezmann, que esta época acabou por ser emprestado ao Atlético de Madrid.

“Na noite em que o contrataram, viram que não tinham dinheiro para o pagar”, relatou Ferran Reverter, explicando que depois os catalães optaram por um empréstimo de 85 milhões de euros para conseguir assegurar a transferência do Atlético de Madrid.