Uma reunião longa, de mais de seis horas, mas em que deixou tudo ou quase tudo na mesma. Rui Rio esteve esta quarta-feira reunido com os líderes das distritais do PSD, mas não desfez o tabu sobre o seu eventual futuro  enquanto presidente do partido nem deixou qualquer sinal em relação ao que pretende fazer nos próximos dias.

Ninguém falou de futuro, ninguém quis assumir nada”, nota ao Observador um líder distrital que marcou presença numa reunião que teve algumas ausências de peso — nem todos os líderes distritais conseguiram estar presentes nesta reunião, como aconteceu com Ângelo Pereira, de Lisboa, Paulo Leitão, de Coimbra, ou Paulo Cunha, de Braga.

Ainda assim, para os que estiveram presentes, o silêncio — o dos apoiantes de Rio, mas também o dos que são críticos do presidente do partido — também tem pode e deve ter uma leitura: estão todos a medirem-se e ninguém quer abrir o jogo numa fase tão delicada da vida interna do partida.

A coisa só vai aquecer a partir do Conselho Nacional da próxima semana”, concorda outro alto dirigente social-democrata. Nesta reunião, Rui Rio limitou-se a repetir o balanço que tem feito publicamente dos resultados conseguidos nas autárquicas, sublinhando o facto de o partido ter conseguido aumentar o número de capitais de distrito conquistadas e, naturalmente, a vitória de Carlos Moedas em Lisboa.

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Em momento algum, no entanto, Rui Rio disse ou sugeriu estar mais inclinado para uma recandidatura à liderança do PSD ou para deixar o partido sem ir novamente a votos. Não é certo o que fará ainda o presidente social-democrata, sendo certo que, tal como escreveu aqui e aqui o Observador, há muita gente na direção de Rui Rio a fazer força para que avance.

Os líderes distritais que intervieram fizeram um balanço sobre os resultados conseguidos nos respetivos distritos, mas não houve espaço para grandes críticas ou demonstrações de euforia. Mesmo os indefetíveis de Rio evitaram fazer alusões à continuidade da atual direção ou às eleições internas que se avizinham.

Ao Observador, de resto, fontes que estiveram na reunião garantem que o encontro decorreu de forma “descontraída”, com reparos muitos pontuais a questões burocráticas relacionadas com as candidaturas e observações sobre como muitas candidaturas ditas independentes mais não são do que candidaturas protagonizadas por dissidentes internos. Muito longe, portanto, de outros momentos de maior tensão vividos entre Rui Rio e as estruturas do partido.

“Não houve ninguém a dizer taxativamente que Rui Rio devia avançar; mas também não houve ninguém a dizer o contrário”, resume um alto dirigente social-democrata. O tabu vai ser mesmo para manter e Rio quererá condicionar o calendário até ao último segundo.

Numa altura em que a corrida parece estar, em teoria, resumida a dois concorrentes — Rui Rio e Paulo Rangel — o líder do PSD espera que o eurodeputado tome a iniciativa e diga finalmente ao que vem. “Nós não temos pressa nenhuma”, sugeria esta quarta-feira fonte próxima de Rui Rio. É Rangel que tem de assumir o ónus de querer derrubar a atual direção.

O partido vai reunir o Conselho Nacional a 14 de outubro e é de esperar que, nessa altura, os dados em cima da mesa sejam mais cristalinos. Para já, todos querem manter as aparências de um partido unido e coeso — antes de voltarem às trincheiras.