A horas da entrega do Orçamento do Estado na Assembleia da República — a proposta do Governo dá entrada esta segunda-feira —, Marques Mendes avança que o documento terá inscritas “verbas extraordinárias” e “significativas” que vão cobrir “aumentos salariais” para os profissionais de saúde dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (mas que se vai aplicar, também, a profissionais de “empresas e institutos públicos noutros sectores”).

Na SIC, no seu habitual espaço de comentário de domingo à noite, o antigo líder do PSD não concretiza de que forma essas verbas poderão ser distribuídas. Mas deixa uma questão: “serão remendos ou soluções?”

Têm-se sucedido, nas últimas semanas, as condições precárias em que vários hospitais têm funcionado, face à escassez de recursos humanos — o Centro Hospitalar de Setúbal, onde 87 médicos com funções dirigentes se demitiram — é apenas um exemplo. A esse propósito, Marques Mendes aponta à análise de Leal da Costa (num artigo publicado no Observador que pode ler aqui) e atira: “Este problema já não se resolve só com dinheiro (…). Sem um novo modelo de remuneração dos profissionais de saúde – em que se premeie também o mérito e o desempenho e se criem incentivos – não haverá solução.”

Ainda sobre o Orçamento do Estado, o comentador identifica “um sinal correto: a redução do défice e da dívida em percentagem do PIB”. E, também, um “sinal justo”, nomeadamente com aquilo que diz ser “a preocupação social do Orçamento do Estado” no que diz respeito aos idosos e às pensões mais baixas. Marques Mendes destaca ainda um sinal simbólico — o desagravamento fiscal em sede de IRS — e outro “negativo” — a insistência no que considera ser um “modelo económico errado”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O ex-líder social-democrata considera, ainda, que a aprovação está garantida. Sem o apoio do BE (que, antevê Marques Mendes, deverá votar contra) mas com a luz verde de PCP, PAN e PEV.

PM “cansado” e um “empurrão” para a mudança no PSD

Em semana de debate parlamentar com o primeiro-ministro, Marques Mendes destacou o momento em que António Costa trocou argumentos com o deputado do PSD André Coelho Lima. O social-democrata faz o diagnóstico: “Cansaço político” — o mesmo que afetou o cavaquismo e o guterrismo — que é provocado não apenas pelos anos de governação mas também pelo efeito pandemia. Mendes reitera a ideia de que Costa deixa as funções nas próximas legislativas mas, até lá, considera que se impõe um “esforço de autoridade e tranquilidade” ao primeiro-ministro.

Mudanças (a médio prazo) na liderança do PS, mudanças (imediatas) no PSD. É isso que Marques Mendes lê no artigo que o antigo Presidente da República Cavaco Silva escreveu, esta semana, no semanário Expresso. Cavaco, diz Marques Mendes, descreve uma liderança “débil”, sem rumo e que “pactua com o Governo”. As eleições internas estão aí — Paulo Rangel é uma carta no baralho da disputa interna — e essa é a “oportunidade de mudar”. “Ou de estratégia ou de liderança ou as duas coisas”, admite Marques Mendes.