Em ambiente de festa, a Tesla organizou a feira Gigafactory Berlim-Brandemburgo. Concebida também como uma acção de relações públicas junto do público alemão, reuniu curiosos, imprensa e fãs da marca, onde não faltaram os representantes dos clubes Tesla de diferentes países, inclusivamente o português, liderado por Hugo Pinto, o autor de algumas das fotos que aqui publicamos. A festa não marcou o arranque da produção, mas sim o facto de a fábrica estar pronta – faltam os jardins envolventes e pouco mais – e a aguardar as aprovações das autoridades regionais. Daí que o arranque da produção esteja agendado para Novembro, para as primeiras unidades destinadas a abastecer o mercado europeu com Model 3 e Y começarem a ser entregues em Dezembro.

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Finalmente, as fundições injectadas

Além de animar os presentes e prepará-los para o que vem aí, a Giga Fest em Berlim serviu para a Tesla levantar um pouco do véu e mostrar os trunfos que os Model 3 e Model Y vão esgrimir em relação aos veículos similares fabricados nos EUA e na China. A Gigafactory Berlim estreia as novas Gigapress, uma espécie de prensa para fabricar peças de grandes dimensões em alumínio, que na realidade são fundições injectadas.

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Gigapress, o trunfo da Tesla, não é uma prensa. É uma nova revolução

Em vez de moldar uma folha de alumínio com recurso a uma prensa, a Tesla concebeu um sistema em que injecta alumínio fluido num molde, que permite criar numa peça única, mais robusta e mais leve, aquilo que até aqui necessitava de cerca de 70 peças, soldadas entre si. Esta opção, que assegura uma inevitável redução do tempo de produção, só foi possível com as Gigapress concebidas pelos italianos da IDRA.

A solução vai permitir aos Model 3 e Y serem mais rápidos de produzir, uma vez que às zonas frontal e traseira do chassi, junta-se uma terceira peça fundida que serve de suporte ao pack das baterias e, simultaneamente, reforça o chassi.

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Um novo Tesla a cada 45 segundos

A Tesla já tinha provado que a Gigafactory Xangai conseguiu ultrapassar a Gigafactory Fremont, a fábrica original da marca na Califórnia, em termos de qualidade dos veículos produzidos, rapidez de produção e custos. Agora o construtor norte-americano está apostado em provar que a Gigafactory Berlim baterá toda a concorrência interna em rigor e rapidez.

Para isso, a fábrica de Berlim-Brandemburgo conta com as três superestruturas em alumínio fundido que dão forma à parte inferior do chassi, acelerando o tempo necessário para montar os Model 3 e Y, cuja base é comum. Contudo, este é um argumento que a Tesla vai alargar, a seu tempo, às restantes linhas de produção.

Isto explica que a Tesla, que em Berlim também vai produzir células de bateria, exclusivamente as novas 4680 – além de ter um centro de design para conceber futuros modelos –, preveja fabricar um novo carro a cada 45 segundos, uma média de 80 unidades por hora, 57.600/mês ou 700.000/ano. É claro que isto é a produção máxima, mas se introduzirmos os intervalos para manutenção regulares, será óptimo se atingir 600.000 unidades por ano, em dois modelos. O que ultrapassa os 500.000 veículos anuais das fábricas de Xangai e Fremont.

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Pormenores curiosos

Recentemente, a Volkswagen AG apontou a Tesla e os fabricantes chineses de veículos a bateria como exemplo de eficiência, por conseguirem fabricar um veículo eléctrico em apenas 10 horas, contra as 30 horas da VW. Trata-se de apenas 33% do tempo necessário face a um construtor que é o maior da Europa e que regularmente se bate pela liderança mundial.

Apesar desta realidade apresentada pelo grupo alemão, a Tesla – os chineses procederão de igual forma, pelo seu lado – continua a esforçar-se para reduzir os custos de produção, encontrando formas de ganhar tempo. Exemplo disso é o facto de passar a recorrer a três mega peças fundidas em alumínio sob pressão, o que evita a soldadura de muitas peças de menores dimensões, solução que consome substancialmente mais tempo.

Na visita à fábrica, é visível pelas fotos que a Tesla já tem módulos com as novas células 4680, de maiores dimensões e maior densidade energética, montadas sobre a mega fundição central. Contudo, o construtor aproveita para instalar o pack de baterias, o revestimento interior e os respectivos assentos antes de chegar à linha de montagem, onde todo o conjunto é instalado por baixo, sob o chassi, poupando-se assim tempo.