O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, disse que quer construir um “exército invencível” que ninguém ouse desafiar, acusando os Estados Unidos de serem a “fonte” de instabilidade na península coreana. As declarações de Kim Jong-un, citadas pela Associated Press, aconteceram durante um evento de demonstração do armamento norte-coreano para assinalar o 76.º aniversário do Partido dos Trabalhadores.

Kim Jong-un aproveitou a ocasião para demonstrar o arsenal militar norte-coreano, incluindo os mísseis hipersónicos e Hwasong-8 ou o míssil intercontinental Hwasong-16, de acordo com a CNN. Isto depois de Pyongyang ter feito uma série de testes balísticos nos últimos meses.

Rodeado de mísseis, numa clara demonstração de força, Kim Jong-un fez dos Estados Unidos o seu principal alvo. “Os Estados Unidos dizem frequentemente que não são hostis em relação ao nosso Estado, mas não temos evidências baseadas em ações que nos façam acreditar que não o sejam”, atirou o líder norte-coreano, que deixou também críticas à vizinha Coreia do Sul, que acusa de ter uma “ambição imprudente” e de ter uma atitude de “duas caras”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“As tentativas irrestritas e perigosas de fortalecer o seu poder o militar estão a destruir o equilíbrio militar na península coreana e a aumentar a instabilidade militar e o perigo”, disse Kim Jong-un, referindo-se ao aumento do investimento em defesa feito por parte da Coreia do Sul.

Ainda assim, Kim Jong-un disse que Pyongyang não pretende uma guerra com Seul, numa altura em que até há sinais de aproximação entre o Norte e o Sul. Há uma semana, os dois países restabeleceram as comunicações entre ambos, que estiveram cortadas quase três meses, na sequência dos exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul, que enfureceram a Coreia do Norte.

Kim Jong-un abre a porta ao diálogo com a Coreia do Sul, mas recusa conversar com os Estados Unidos

Se há sinais de aproximação entre as duas Coreias, já a relação de Pyongyang com Washington parece estar num impasse. O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já manifestou disponibilidade para encontros diplomáticos entre os dois países, sem quaisquer pré-condições, mas Kim Jong-un tem rejeitado, considerando que pouco ou nada mudou com a entrada de um novo inquilino na Casa Branca — Kim, recorde-se, encontrou-se por duas vezes com Donald Trump, mas após a cimeira em Hanói, em 2019, as conversações entre Coreia do Norte e Estados Unidos ficaram suspensas.

Fortemente pressionada pelas sanções internacionais, e a enfrentar uma difícil situação económica — reconhecida pelo próprio Kim Jong-un —, a Coreia do Norte tem recorrido aos testes balísticos para fazer demonstrações de força, recusando sentar-se à mesa das negociações sem que seja retiradas as sanções ou que os exercícios militares conjuntos entre Seul e Washington terminem.